A Nova Música Popular Brasileira

A Nova Música Popular Brasileira

Ouvir música é sempre uma experiência transformadora, já que ela tem este poder de nos remeter a outros lugares ou até mesmo trazer beleza às paisagens mais cotidianamente tristes.

E o que seria desta arte tão transcendente, se ela própria não ganhasse novas roupagens, estilos, influências e tudo mais que permita esta contemporaneidade?

Por isso separei cinco músicas que têm como principal característica este diálogo entre diferentes estilos, que criam uma nova identidade da música brasileira.

Kwa Lé Ki Pá  – Aláfia

Uma das melhores misturas sonoras e culturais que ouvi ultimamente.

A banda tem por definição “não ter definição!”, e, talvez por isso, o som desta galera seja tão bom.

Destaquei “Kwa Lé Ki Pá” do homônimo álbum “Aláfia” (2013), pois foi a música que me pegou para ouvi-lo até o final, mas este é, sem sombra de dúvidas, um daqueles discos que você não pula nenhuma das faixas.

  O destaque tem uma senhora levada de Funk , com uma letra quase que falada que nos remete há tempos muito bons, acompanhada daquele swing balanceado do baixo. O mais marcante são os metais muito bem arranjados.

Entardecer – Silva

“Entardecer” é a quarta faixa do álbum “Vista Pro Mar” (Som Livre 2014).

Silva manda a gente de volta para os anos 80, por conta dos sints e os timbres que lembram muito bandas como The Cure e A-Ha. Daí então, do nada o som viaja por uma influência gigantesca do Guilherme Arantes e você lembra que não tá ouvindo uma banda gringa, mas sim excelentíssimo artista nacional.

Além de músico e compositor, Silva é produtor e dentre seus trabalhos na área, destaco o maravilhoso “Esperar É Caminhar” da banda Palavrantiga.

Desterro – F.U.R.T.O.

Do questionador “Sangueaudiência” (Sony BMG – 2005), “Desterro”, composição de Marcelo Yuka em parceria de Marisa Monte, Jamilson da Silva e Dadi Carvalho, têm além de uma letra ideologicamente provocadora, uma fusão interessantíssima de Hip Hop e Rock.

O (infelizmente) único disco da banda é repleto de fusões rítmicas que entre Reggae, Hip Hop, Rock e Samba, fazem com que as letras fiquem ainda mais pesadas.

Foco, Força e Fé – Os Marvins

Em alguma das tantas noites que saio por aí a procura de um bar que tenha cerveja gelada e música descente, me deparei com essa banda. A princípio fizeram alguns covers (muito bem executados, diga-se de passagem) como Foo Fighters, Capital inicial, Jet, The Strokes, etc… e daí uma própria. Lembro que sorri, feliz. Há muito tempo eu não ouvia algo tão bom.

Ganhei das mãos de um dos integrantes o disco de estreia da banda “Ser ou Ter” (independente 2014).

“Foco, Força e Fé” é uma balada Rock com rítmica de Samba. Só ouça!

Vejo Depois – Rael da Rima

Ouvindo o Rael, você vai perceber que existem influências do Soul, Funk, Mpb e Rock, mas, com certeza, notamos o Reggae brincando com batidas do Hip Hop de cara.

Na música “Vejo Depois” do álbum “MP3 – Música Popular do 3º Mundo” (Tratore 2010) essa conversa entre os estilos fica muito evidente.

Tem uma galera nova surgindo no Rap e, talvez, antes de criticá-la e atacá-la com cobranças e intimações ideológicas, devamos ouvir o que tem no som dessa molecada, pois tem muita, mas muita coisa.

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Músico, Jornalista e Escritor. Fiz parte das bandas Kascoskaus, Insulina e Overtreze, sendo que com a última tenho um caso de amor eterno. Sou na verdade um grande curioso que ama tropeçar em artistas que têm bom gosto.