Dicastanha: Fotografando Seu Interior

Dicastanha: Fotografando Seu Interior

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Olá meus queridos!

Vamos iniciar nosso lindo blog com um texto de reflexão. Espero que gostem e que compartilhem suas ideias com a gente 😀

Antes de começar a escrever sobre fotografia, vou contar uma história.

Para sabermos de onde surgem as ideias, as inspirações e como transformá-las em imagens, podemos fazer uma analise de quem somos e o porque fotografamos.

Resolvi contar aqui a minha para chegar ao ponto de onde vamos começar: a fotografia e o ser humano.

A fotografia como memória.

Meu nome é Diana, e tenho 23 anos.

A maioria das histórias de fotógrafos tem como inicio “desde pequeno eu brincava com a câmera da minha mãe” ou “meus pais me deram uma câmera e eu comecei a me apaixonar”… Ou até mesmo “sempre fui apaixonado por fotografia”.

Comigo foi um pouco diferente. Ou não muito, depende do ponto de vista.

Minha mãe tem uma Olympus. Ela brincava com a câmera por onde ia, e fotografava muito a família. Eu sempre fui uma criança normal, dentro do meu universo. Mas comecei a perceber que minha percepção de mim mesma era diferente.

Todo mundo brinca com a frase “o dia que me dei por gente”. Quem já não ouviu ou falou?

Este dia para mim existe.

Uma vez eu estava no quarto da minha mãe, com uns três ou quatro anos de idade, e me deparei com um espelho. Provavelmente eu já tinha olhado para algum antes, mas não me recordo. Sei que neste dia, quando me olhei, parei. E fiquei por um longo tempo, este indeterminado, observando como eu era e como eu possuía características semelhantes aos que viviam comigo. Podem rir. Mas antes disso, eu via o mundo sem entender ele direito. Eu sabia que eu era algo ou alguém, que comia, tomava banho, dormia e brincava. Que todo mundo apertava, pegava no colo, e por ai vai, e que amava dois seres muito maiores do que eu que me protegiam. Porém, no dia em que me vi no espelho de verdade, percebi que era humana. Parece cômico não? Mas é a verdade. Lembro de mexer meus dedos, das mãos e dos pés. E esticar os braços e pernas, balançar a cabeça e ver que era tudo parecido com meus pais. Eu era uma pessoa!! Eu era gente. Nunca tinha notado isso, e de repente ali, eu me identifiquei. Todos os meus membros, expressões e sentidos. Foi ali que eu vi que era alguém . Peguei uma fotografia dos meus pais comigo no colo que estava em cima do criado mudo e confirmei: sou igual a eles.

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E foi lembrando desta fotografia e da sensação de “me dar por gente” que passei a viver tendo a certeza do que eu era: pelo menos fisicamente.

Com o passar dos anos, a vida foi andando. Meu irmão nasceu, mudamos de casa, minha irmã nasceu depois. Se vocês me perguntarem algumas histórias, eu até saberia contar, mas não a maioria. Isso me entristece.

Descobri que eu sou gente e em seguida descobri que esqueço de muitas coisas. Não sei se tenho problema de memória. Não sei se isso é normal. Me lembro de coisas muito fortes e de outras não, alias parece que nunca existiram ou aconteceram. Consigo me lembrar de muitas coisas referentes ao nascimento do meu irmão, onde eu tinha sete anos, e do nascimento da minha irmã eu quase não me lembro (eu já tinha doze anos). Porquê?

Sempre lembro da situações onde havia uma câmera. Depois eu lembrava apenas olhando as fotos. Vendo os álbuns da família consigo lembrar das situações onde as fotos foram tiradas. Mas fora delas, eu não lembro quase nada.

Minha sorte é que existem muitas fotos. Mas onde não tem fotos, fica difícil para mim lembrar o que aconteceu. Isso parece bobo, ou não, mas para mim é de uma significância enorme. Fico muito triste de não lembrar de quase nada de acontecimentos enormes e de coisas que as pessoas contam com a maior naturalidade enquanto eu faço o maior esforço mental para me lembrar.

Onde eu quero chegar nesse história enorme é: eu passei a assimilar a fotografia como uma forma de me lembrar das coisas que acontecem ao meu redor. Onde vou, levo a câmera. Você quase nunca me verá sem ela. É como se fosse uma extensão de mim.

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Além disso, sempre achei muito triste o fato de que as pessoas não podem ver o que as outras enxergam. Cada um tem uma percepção diferente. Quantas vezes você foi contar uma cena a um amigo e contou da sua forma, e de repente outra pessoa conta de maneira diferente. Mas vocês não mentiram. Apenas enxergaram de outra forma. E isso sempre me intrigou, como então vemos o mundo, os outros?

Através da fotografia posso me lembrar de tudo. E posso mostrar para os outros o que vejo, e como vejo. Assim, com provas em imagens, não tenho como fugir. Posso mostrar aos outros o que eu gostaria de mostrar para o mundo todo e o melhor é poder lembrar.

Desculpem a extensão da nossa primeira postagem. Mas, acredito que para que você entenda o significado da sua vida, é necessária uma análise do que você foi e é hoje em dia e os motivos pelos quais você faz o que faz.

A partir deste texto faço uma proposta para quem leu aqui uma parte da minha história: porque você faz, o que faz hoje ? Não precisa ser apenas para fotógrafos. Se você quer fotografar, pense no porque você faz. Seja profissionalmente ou por hobby, tanto faz. Mas a reflexão vale para todo mundo. É muito gostoso quando descobrimos que o que fazemos nos move e nos alimenta, qualquer coisa que seja.

Convido você a contar a sua história pra gente. Antes de começarmos a discutir fotografia, vamos discutir quem somos e para que viemos. Quando vocês chegarem na conclusão desejada, vão perceber que a vida será muito mais deliciosa dentro do que você ama fazer. Seja música, fotografia, pintura, poesia. Toda forma de arte, ou não. Vamos mostrar para o mundo para que viemos! Vamos espalhar o amor e todas as formas de amor que pudermos.

Fica aqui um beijo carinhoso e até semana que vem!

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Estuda música desde os 13 anos, desenvolve pesquisa na área da música independente , produtor de bandas de diversos estilos e compositor de trilhas sonoras.