Entrevista: Foba

Entrevista: Foba

Você conhece o som do Foba? Pois deveria! Clique aqui para ouvir enquanto lê a entrevista que a gente fez com a banda.

Primeiro: que capa incrível! Conta um pouco sobre o que ela representa.

Giuliano: Sou eu quem desenho as capas. A capa do primeiro EP, Coroados, foi uma caricatura minha. Foi difícil pensar em algo para o segundo. Aí, no final, resolvi continuar fazendo a mesma coisa. Achei que seria engraçado. Tinha que ser algo espontâneo. Não poderia arriscar fazer algo muito sério ou muito planejado, porque o som não é nada disso.

É legal ver uma preocupação em colocar os efeitos na hora certa, não deixando sobrar, mas sem tirar a sujeira que faz a banda ser rock. Quem fez os arranjos?

Wonder: As músicas são do Giuliano, os arranjos foram feitos com toda a banda nos ensaios. Acho massa essa proposta.

Trosso: Acredito que o balanço entre o rock e o experimental veio dessa composição coletiva dos arranjos. Todos os músicos contribuíram com ideias essenciais desde o desenvolvimento das canções até a mixagem e finalização do álbum.

O Foba me parece uma mistura de muitas coisas: bandas, referências, estilos. De onde veio, por onde anda e para onde vai?

G: Boa pergunta. Veio de Raimundos, acho. Muita gente da minha geração, que era gurizinho nos anos 90, órfão dos Mamonas, acabou conhecendo o rock de verdade um pouco depois, por causa dos Raimundos. Depois disso veio Nirvana, Sublime e o punk rock. Foi uma época muito excitante de descobertas. Um pouco mais tarde eu voltei para o rockn’roll. Nessa época, foi provavelmente o Pink Floyd que me abriu a cabeça musicalmente para eu conhecer outros universos completamente novos e me fez passar por muitas fases.

Você acaba ouvindo muita coisa boa na vida, são infinitas inspirações, mas na hora de criar você tem quem ser você mesmo. Depois de pronto dá pra achar várias referências e estilos, mas antes disso é tudo muito instintivo. Como eu disse no começo, procuro ser o mais espontâneo possível nas composições, e isso se estende na hora de tocar com a banda. Gilgamesh acabou saindo desse jeito.

Não tivemos nenhum parâmetro, apenas fizemos o que sentimos ser o certo no momento. Para onde vai? Atualmente, eu me identifico com uma pegada bem crua, folk, mas por outro lado sinto uma atração pelo sintético. Acho que no futuro eu gostaria de mergulhar mais fundo em uma dessas pegadas.

Adorei Ficando Velho. Mas ela não é de autoria só do Giuliano, certo? Como foi a parceria?

G: Ele foi meu amigo de colégio. Uma das primeiras bandas que tive foi com ele. Acabei citando o Zé Marrom em uma música do primeiro EP (“Reclamou do som/ Falou de Castañeda e do Zé Marrom”). Um dia ele chega na minha casa com essa música, “Ficando Velho”. Achei incrível, tinha alguma coisa naquele refrão que me lembrava Daniel Johnston. Mudei a letra de uns versos, acrescentei umas estrofes e voilà. É uma experiência muito gratificante criar com amigos.

Vocês seguem a linha do “gravar em casa”, que tem dado certo para muitos artistas e trazido resultados incríveis. Como é para uma banda – formada de muitas bandas – essa ideia de novo mercado? Qual a importância do artista hoje saber se adaptar a um movimento que se torna cada vez mais horizontal?

W: A ideia é a mesma que para qualquer artista. Na parte técnica, gravar em casa traz algumas limitações, prinpalmente se você quiser soar como o The Weeknd. Mas os homestudios evoluíram muito e são uma opção daora – por custo e liberdade – pra banda garageira.
Quanto à importância de se adaptar, talvez a palavra não seja se adaptar, o artista precisa se destacar nesse mar de lançamentos.

T: A junção de bandas para a criação de projetos é um processo natural. Os artistas se conhecem e se conectam durante suas jornadas, e quando todos sentem que podem colher bons frutos, a ideia sai do papel sem grandes esforços. A escolha da forma de gravação não é diferente. O ambiente intimista, a facilidade de sincronizar as agendas, e também o fator financeiro conduzem aos homestudios, nos quais se pode obter muita qualidade com dedicação e paciência.

Shows em vista?
G: Sim, vai rolar. Em breve vai sair um clipe também.

Quais são todos os lugares que se pode ouvir este EP? E o anterior? (Spotify, Deezer, etc)

G: Em qualquer lugar. Spotify, Deezer, Apple Music, YouTube, Soundcloud, Napster, o que quiser. Só procurar por Foba Gilgamesh ou Foba Coroados na internet que acha pra ouvir ou baixar.

Pensam em disco?

G: Sempre fui muito apegado na experiência do disco. Com certeza penso e quero fazer. Mas hoje em dia as coisas estão mudando e eu já não me prendo tanto nessa necessidade. O importante é continuar fazendo música, e isso estarei fazendo.

Momento ~De Frente com Gabi~: um disco, uma música.

G: Bom, não vou entrar na onda de eleger o melhor disco e música da minha vida, seria loucura. Ao invés disso, vou simplesmente falar um disco e uma música, de forma aleatória, mas que eu gosto muito: MGMT – Congratulations. Zé Ramalho – Banquete de Signos.

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Carol Tavares é jornalista. Passou pela MTV, pela Bandeirantes e a hiperatividade levou seu caminho a cruzar felizmente com o Jardim Elétrico e criar a produtora Jazz House. Apaixonada por música, pelo amor, por Alberto Caeiro e por seu acampamento no Jalapão.