ENTREVISTA: MIDNIGHT MOCCA

Em tempos abrimos espaço para artistas que não cantam em português, e a banda da vez é Midnight Mocca, formada em 2017, por Lucas Mileib (voz e guitarra), Pedro Flora (guitarra), e Renato Saldanha (baixo) na cidade de Divinópolis, no interior de Minas. A banda lançou recentemente no YouTube o lyric video para a faixa “Soul of the Street”.  A arte que aparece no vídeo para revelar a letra da música foi feita analogicamente pela artista belo-horizontina Kessy Almeida a partir de colagens de recortes de revistas e jornais, sem falar na participação do pianista Túlio Mourão, ex-integrante da banda Os Mutantes.

Veja o vídeo:

E para conhecer mais sobre a banda, conversamos com  Lucas, e perguntamos sobre lançamentos, parcerias e planos pós pandemia.

Leia a entrevista na integra:

1. Conta um pouco da história da banda: como surgiu e onde?

Depois de uma reviravolta profissional, eu decidi gravar algumas músicas que estavam na gaveta, e em 2017, passei a me reunir com o Pedro Flora (guitarrista) e o Renato Saldanha (baixista) para mostrar algumas daquelas canções, já com o desejo de formar um conjunto, que pudesse não apenas gravar junto mas também acompanhar nos shows. Os encontros aconteciam normalmente tarde da noite, quase sempre acompanhados de uma cerveja, um vinho, ou mesmo um cafézinho, e daí o nome Midnight Mocca. Ao mesmo tempo, naquele período eu conheci o produtor Leonardo Marques e seu estúdio Ilha do Corvo, em Belo Horizonte, e tive certeza que queria gravar lá, e assim agendei as primeiras sessões de gravação. Logo que começamos a tocar, Pedro e Renato embarcaram nesse projeto que virou banda. E o curioso é que nós três somos naturais de Divinópolis.

2. Como foi todo o processo de produção e gravação desse terceiro disco? A escolha das músicas? E quando será lançado?

Desde 2017 quando começamos a gravar o primeiro EP ‘Where are you guys from?’ que revelou as nossas primeiras quatro músicas, eu já imaginava uma continuidade nas gravações, já que eu tinha várias outras músicas na gaveta, e mesmo no show de lançamento do primeiro EP, já tocamos outras músicas inéditas, que ainda não tinham sido gravadas. E assim, nasceu o nosso segundo EP ‘The road goes on’, numa verdadeira continuidade das gravações do primeiro EP. Agora com o novo e terceiro EP ‘Higher Ground’, tudo aconteceu também de um modo muito natural, já que nunca estivemos muito tempo distante do estúdio e das gravações. A ideia de fazer uma triologia de EPs nos pareceu uma forma acertada de apresentar nosso som, aos poucos, bem no estilo devagar e sempre. Isso sem dizer que há uma ideia de triologia estética mantida com as artes das capas feitas com colagens pela artista Anaelise Scalon.

Fiz uma pré-produção de alguns poucos dias com o Leo, onde apresentei algumas composições e escolhemos 3 canções para começar a gravar, e durante as gravações de voz e violão guia, acabei compondo uma quarta canção que também vai estar no disco.

Com o terceiro EP alcançaríamos 12 canções autorais em mãos, e estávamos preparando um show especial de lançamento com o Teatro Sesi Minas, com participação do Túlio Mourão, André Travassos (Moons) e do nosso produtor Leo Marques (Transmissor), que foi cancelado em decorrência da pandemia de covid-19. Por isso, mudamos os planos e optamos por revelar as músicas do novo disco em forma de singles, com um novo lançamento a cada 6 semanas. Dessa maneira, o Higher Ground terá todas as canções reveladas em 4 de setembro.

3. O segundo single do disco “Soul Of the Street”, conta com uma participação de um gigante da música brasileira, como foi gravar com Túlio Mourão?

Gravar com o Túlio foi demais! O Túlio é muito amigo do Renato Saldanha, nosso baixista, que é também um grande violonista, já tendo ganhado inclusive o Prêmio BDMG de Música Instrumental de 2017. A história é que, em um jantar na casa do Túlio no segundo semestre de 2019, o Renatinho mostrou as novas músicas que estávamos gravando, e o Túlio demonstrou interesse espontâneo em gravar Soul of the Street. Eles até fizeram um vídeo do Túlio tocando por cima do nosso bounce, e mesmo de modo despretensioso, já deu pra sentir que as ideias e sons iriam cair bem à canção.

Tão logo o Túlio teve uma folga na sua agenda, corremos pra marcar um dia no estúdio e foi uma experiência incrível. Tudo aconteceu de forma muito tranquila e natural. Túlio foi atencioso e gostou muito do ambiente do estúdio, que é repleto de instrumentos vintage, e até contou alguns casos dos tempos de Mutantes. Quando se sentou ao piano ficou ainda mais à vontade, foi muito bonito e emocionante ter um gigante da música brasileira gravando uma música minha, sou suspeito pra falar, mas acredito que o piano ‘blueseado’ combinou demais com a música, e vou adorar saber a opinião de vocês a respeito também. Ficamos muito contentes com contar com ele no nosso primeiro ‘feat.’, e sem dúvidas foi um daqueles dias que vai ser difícil de ser esquecido.

4. Que outros artistas no mundo inspiram vocês?

Eu, o Pedro e o Renato viemos de escolas musicais bem distintas, mas que se encontram e equilibram bem dentro do rock gentil que fazemos com a Midnight Mocca. Da minha parte posso dizer que gosto bastante de indie-rock, e tenho apreço especial pelas composições do Jeff Tweedy e do James Mercer, vocalistas do Wilco e The Shins, respectivamente. Além deles me inspiro em vários artistas do mineiro Milton Nascimento ao canadense Neil Young, cresci ouvindo rock brasileiro dos anos 80’s e MPB, e a lista de ídolos que me inspiram é imensa. O Pedro é apaixonado pela música country e tem uma banda de música latina, e o Renato vem da música instrumental é da cena do jazz e também já tocou com grandes nomes da MPB.

5. Como estão os planos? (trabalhos, planos, projetos) quando essa pandemia acaba, claro!

Com a impossibilidade de fazermos shows, e com o cancelamento do nosso show de lançamento do novo EP Higher Ground, que seria realizado no teatro Sesi Minas em último maio, resolvemos revelar as novas canções remanescentes em forma de singles, aos poucos, a cada 6 semanas. A ideia principal é movimentar as redes sociais, sobretudo o nosso canal do youtube com o lançamento de videoclipes das novas músicas, além de apresentar registros e materiais de shows que fizemos nos últimos 3 anos. Estamos também nos organizando para fazer uma apresentação ao vivo, uma ‘live’ em formato duo, que deve acontecer ainda em junho.

Estou compondo e pensando bastante sobre os rumos da banda, no que seriam os próximos passos, em novas gravações, quem sabe na produção de álbum ‘full length’, mas como o cenário é de muita incerteza e já temos novas canções para apresentar, pelo menos até setembro, tenho tentado focar na produção de conteúdo relacionado a esses novos singles.

6. Deixem um  recado, o espaço é de vocês.  

Bom, pra quem não nos conhece fica o convite para conhecer, além das novas canções, os nossos dois primeiros EPs ‘Where are you guys from?’ (2018) e ‘The road goes on’ (2019), que contam com a participação nos vocais adicionais do André Travassos (Moons), nosso vídeos do canal do youtube e também nos acompanhar pelo instagram (@midnight.mocca) onde estamos mais perto do público e sempre postando algumas novidades. Se tivesse poucas palavras para recomendar e nos promover, diria que a Midnight Mocca é aquela banda para quem gosta de um rock gentil e ensolarado, trilha sonora ideal para viagens de carro com os amigos, um som sintonizado com o melhor do indie-rock do mundo, mas com o charme das montanhas de Minas Gerais.