Festival Radioca: plural e com um “quê” de boêmia

Festival Radioca: plural e com um “quê” de boêmia

Em tempos smartphone, internet e redes sociais, se eu te perguntar qual foi a ultima vez que você ouviu rádio você saberia responder?  E se eu te contasse que um programa de rádio semanal que vai ao ar há oito anos na Bahia realizou um festival de música em Salvador com nomes da cena musical contemporânea?

Radioca ca ca (leia com o eco), para ir entrando no clima.

Esse é a vinheta do programa de rádio semanal da Educadora FM, aqui de salvador. Foi desse programa de rádio que por sinal tem muito a ver com o nosso Jardim elétrico que se originou o Festival Radioca, realizado nos dias 03 e 04 de dezembro.

Capitaneado pelo Jornalista Luciano Matos (El Cabong), pelos músicos Ronei Jorge e Roberto Barreto (Baiana System) e com patrocínio da Skol, o festival levou ao centro de Salvador uma seleção da novíssima safra da musica brasileira e alguns nomes já consolidados no cenário musical.

O festival apresenta um line-up com: Giovani Cidreira (BA), Carne Doce (GO), Jards Macalé (RJ), Dona Onete (PA), Josyara (BA), Aláfia (SP), Karina Buhr (PE) e Retrofoguetes (BA). A primeira vista estes nomes podem ser desconhecidos para alguns, mas deixe-me contar o que eu achei do show deles até incentiva vocês a ouvirem um pouco mais do som de cada um né?

 

Karina Buhr roubou a cena e a luz no primeiro dia de festival, apresentando o show do seu ultimo disco Selvática, ainda inédito em Salvador. Performática define.

Karina Buhr "Maracatuteando". Foto: João Daniel/Jardim Elétrico @joaodsc

Karina Buhr “Maracatuteando”.
Foto: João Daniel @joaodsc

Para quem gosta de: Baiana System, Tulipa Ruiz, Lucas Santanna, Céu e Seu Pereira e Coletivo 401.

A baiana Josyara é uma dessas artistas da nova safra da música brasileira, fazendo um som rock n’ roll misturado a ritmos tradicionais do nordeste, um rock rural nordestino. O show ainda contou com a participação do Gaitista Lucas Cirillo (Aláfia). Ela só pode ser a filha perdida de Jimmy Page e Cátia de França.

Para quem gosta de: Cátia de França, Chico César, Sá, Rodrix & Guarabira.

O irreverente Giovani Cidreira, cheio de presença de palco, trouxe ao festival as músicas do seu novo disco, que será lançado em 2017, em parceria com a Natura Musical.

Tive a oportunidade de conversar com ele no final do show e digo: se preparem que vem um bom disco. Para quem já escutou o seu EP, lançado de forma independente em 2014, percebe a diferença que a maturidade fez no seu som.

O seu novo disco vem com uma pegada mais setentista, com Giovani aos teclados a La Ave Sangria, bebendo de Itamar Assumpção e de Gilberto Gil.

Para quem gosta de: Rafael Castro, Ave Sangria, O Terno e Dônica.

 

De todos que agitaram este festival destaco a sensacional Dona Onete (PA) e a banda paulista Aláfia.

Dona Onete colocou todo mundo para tremer com o Jambu, levando os casais pré-definidos e aqueles arrumados ali na hora ao delírio, no balanço do carimbó chamegado.

Cortejar Dona Onete com um Sax-Carimbó-Chamegado. Foto: João Daniel/ Jardim Elétrico @joaodsc

Cortejar Dona Onete com um Sax-Carimbó-Chamegado.
Foto: João Daniel/@joaodsc

A Aláfia balançou todo o festival, em sua primeira apresentação em Salvador, parecia que a banda tinha nascido na cidade, estavam em uma relação tão intima que até as músicas pareciam ser feitas para o povo negro daqui.

E não foi só de música que viveu o festival, teve também: Mercadilho (feira de economia criativa), feira do vinil, food trucks e a organização direta ou indiretamente ainda conseguiu transportar um pedacinho do “Largo da Dinha”, localizado no bairro boêmio do Rio Vermelho ao Trapiche Barnabé.

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Tenho cara de Humanas mas sou de exatas. Um daqueles músicos de sofá que nem a mãe aplaude. Apaixonado por chorinho e Super Nintendo, as vezes se arrisca a escrever a sobre música.