Resenha: Gustavo Prafrente

Resenha: Gustavo Prafrente
Gustavo Prafrente por Júlia Rocha - 13
Foto de Júlia Rocha

Alguns artistas perdem-se por talvez influenciar-se demasiadamente, ou tentar incorporar quase que todos os elementos estéticos de seus ídolos. O que dificulta enxergar alguma particularidade tão visível ao ponto de destacar-se em um mercado fonográfico já batido e com as mesmas formulas.

Gustavo foge disso e o faz muito bem. Conta uma história de cada de vez, sem confundir os sentidos. Joga com as palavras e canta com o ritmo. Preencher a música com silêncio ou a cadência necessária, nos dá sempre a sensação de querer ouvir o próximo acorde e a próxima batida do violão.

Enxergo em Gustavo o potencial criativo que enxergo em grandes nomes da poesia. E o tão necessário caminho de optar pelo simples, que é o que realmente se destaca em suas obras.

A música de Gustavo Prafrente é uma peça de teatro a cada faixa. Uma cena a cada compasso.

Confiram a entrevista exclusiva com o Gustavo.

Di Pietro – Gustavo, você opta pela sonoridade mais compacta em suas músicas?

Gustavo Prafrente – Salve Di! Em primeiro lugar queria agradecer você e o Jardim da MPB por essa oportunidade de dividir meu trabalho com o público! Valeu Mestre!

Então, nos meus dois primeiros trabalhos, eu optei por um caminho bastante compacto, tanto em relação à sonoridade, quanto ao arranjo e também à interpretação vocal e toda a estrutura harmônica e melódica das canções. Mas agora nesse novo EP a onda está sendo de prenunciar uma grande abertura, em todos os aspectos, e eu me senti bastante confortável para compor, cantar, gravar, mixar e masterizar o disco buscando algo plasticamente mais denso, mais ainda sim mantendo a superficialidade como característica inabalável… sabe, acho que densidade é bem diferente de profundidade, e definitivamente minhas escolhas não buscam o profundo, e não que isso seja algum impedimento pra tocar as pessoas no fundo do coração e da alma.

E como diria Paul Valery o mais profundo é a pele!

Di Pietro – Como surgiu a ideia do novo EP, você compõe com tanta naturalidade assim como suas músicas fluem?

Gustavo – Esse EP surgiu de maneira bem inesperada, parecido com o maneira que surgem minhas canções, quando eu vejo tenho uma canção nova, e nem lembro como fiz pra chegar até ali…

Eu fiquei muito tempo sem gravar, quase 3 anos, e isso pra um artista em início de carreira é quase como uma desistência…sabe 2012 foi barra, por mais que o Chega tenha sido bem acolhido, eu fui muito crítico em relação à mim mesmo e dei uma paralisada, enfim… O que se passou foi que chegou uma hora que ou eu começava a gravar ou sei lá o que iria acontecer comigo…isso foi no começo de 2013…fui testando várias possibilidades, pois não tinha nem idéia de que caminho seguir… depois de muito tempo, eu acabei indo passar uns dias em Curitiba, onde eu já havia gravado meu primeiro EP, e pensei, bom vou levar uns equipamentos portáteis e tirar um som com a moçada do Trombone de Frutas…dai foi rolando umas sessões bem legais, e eu percebi que o Thiago Ramalho era o cara que iria me tirar do buraco, chamei ele pra almoçar num domingo, batemos um papo e a coisa simplesmente nasceu e eu nem percebi muito por onde ou como…

Di Pietro – Sabemos que a cada novo trabalho musical de um artista independente, significa um novo momento. Você considera que seu novo EP seja muito diferente dos seus outros 2 discos?

Gustavo – Espero que sim, rs…

Di Pietro – Além de músico, você também é artista plástico. Alguma dessas formas de arte te agradam mais ou as considera interligadas?

Gustavo – A música é algo inevitável pra mim, se não fizer eu morro, sério, agora já as artes visuais é como uma diversão… as vezes é mais legal se divertir do que qualquer outra coisa, ai então eu tiro uma onda com as artes plásticas… mas uma frente ajuda a outra, e isso uma coisa impressionante em toda a vida, sabe como eu aprendi a tocar guitarra!? Andando de Skate! Se acredita!? Eu era muito duro na guitarra, então comprei um skate e comecei a andar, minha evolução foi algo tremendo, isso eu digo num período de um mês e meio… as artes plásticas me ajudam na música, o skate me ajuda na música, hoje vivo minha vida com esse discernimento, que tudo que realizo em termos materiais me ajude com a música, para que a música me ajude com tudo que diz respeito à questões ligadas ao amor de uma mulher e a amizade e companhia de meus amigos

Di Pietro – Houve alguma influência específica para a o nascimento do EP?

Gustavo – Devendra Banhart… pronto falei. Tipo esse cara me mostrou que existe a possibilidade de se fazer música sem essa bobagem toda de saber tocar ou saber cantar, e eu demorei um pouco pra me apropriar do que ele propõe, mas enfim, esse EP é como se fosse uma demonstração pra mim mesmo que eu posso fazer algo simplesmente doce, e eu acho o EP bem bom e fiquei satisfeito como nunca antes na minha vida. Agora estou livre do Devendra! Ufa! Engraçado que lanço esse trabalho logo após a vinda dele pro Brasil, quando eu o vi ao vivo pela primeira vez… agora vejo ele como um semelhante, de igual pra igual, e acho que ele fica feliz com isso!

Di Pietro – Gustavo, agradeço pelo breve bate papo. Agora com o “Três Amigos” lançado, quais são os próximos passos?

Gustavo – Obrigado você, suas perguntas são muito boas, oxalá que todos entrevistadores me façam perguntas tão gostosas de se responder!

Então agora, sábado dia 07 de dezembro, na formação de power-trio, acompanhado pelo Juliano Costa (Primos Distantes) e o Fernão Spadotto faço show aqui em São Paulo, no Puxadinho da Praça. Tocamos no Baixo na semana passada e estamos na pré-produção do meu segundo disco: “Time” que tem previsão pro meio de 2014…e será numa pegada bem Rock’n Roll!

Depois no domingo viajo para Curitiba pra lançar o EP no dia 10 de dezembro no Bar Wonka, fico por lá uma semana curtir a moçada, quero fazer mais umas sessões de gravações com os talentosos Marc Olaf e Thiago Ramalho, e quem sabe sai mais um EP pro começo de 2014!

E por fim, hoje mesmo estava fechando de passar uma semana em Janeiro lá em Recife com o Juvenil Silva pra conhecer de perto a Cena Beto e ver esse barulho que eles estão armando por lá, fazer umas participações e também um show de lançamento do EP Três Amigos por lá! Acho que é isso!

Share Button

Estuda música desde os 13 anos, desenvolve pesquisa na área da música independente , produtor de bandas de diversos estilos e compositor de trilhas sonoras.

Recommended Posts