Resenha: Leo Fressato

Resenha: Leo Fressato

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A palavra é: Amor! Assim mesmo, com A maiúsculo e em suas mais variadas formas, tamanhos e posições, parafraseando o título do disco de Alexandre Nero, um outro romântico inveterado. Não há inverno que resista ao amor, e o motivo é óbvio e rima – o calor.

O pedido apresentado no nome do disco “Canções Para o Inverno Passar Depressa”, primeiro disco solo de Leo Fressato, lançado nessa segunda-feira, é fielmente concedido pelos deuses gesticuladores dessa condição que o indivíduo apaixonado é imposto a carregar.

Não há frio que perdure e destempere o sentimentalismo confessado pelo cantor e compositor, que mostra maneiras musicalmente criativas e ricamente incorporadas nesse álbum revelador de reações quase Shakespearianas. A intensidade e inquietação da personalidade de Fressato, seu despudor para com a convenção fria do comportamento impessoal e também o seu humor certeiro guiam o disco.

As canções de caráter confessional aplacam o silêncio do que está resguardado e nos vemos ouvintes também confessados e entregues aos ‘sentires’ que também são inegavelmente nossos. Algumas letras possuem ótimas sacadas, unindo humor, ironia e, é claro, amor. É o caso, por exemplo, de “Tan Tan” e “Vendaval” – palavra bastante presente e que cabe muito bem para descrever o extravagante e arrebatador Leo Fressato.

Logo de início, como visita feita ao primeiro grande amor, somos recebidos pelo indiscutível charme de toque francês da canção “Não há nada mais lindo”, que não dispensa o tradicional acordeon e a sugestiva participação da doce voz da parceira de longa data Ana Larousse.

A solidez com que é tratada toda a moldura lírica do disco faz paralelo com os arranjos marcantes de Jérôme Gras, que fez questão de que a canção “Oração” (a composição de Fressato que se tornou um estrondoso sucesso na interpretação d’A Banda Mais Bonita da Cidade) estivesse presente.

Os céus apresentados por Leo nessa obra, herança de sua infância (marca clássica de um romantismo à la Musset ou Lamartine – o Alphonse, não o Babo) são desenhados, coloridos e expostos a nós, conforme a letra de “A Desenhista”, composta por Ana Larousse.

“Canções Para o Inverno Passar Depressa” nos acaricia com mãos carregadas de flores e certo destemor à declaração amorosa.
Se opor a isso é congelar-se.

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