Resenha: Móveis Coloniais de Acaju

Resenha: Móveis Coloniais de Acaju

Móveis Coloniais de Acaju

A revolta tranquila e groovada do Acaju

De lá até aqui, pouca coisa mudou. Mas também, mudar o quê? Mudar pra que? Móveis é uma das poucas bandas que se pode dizer, já nasceu ‘crescidinha’. Desde os idos de 2005, quando eu ainda morava lá pelas bandas da Bahia, os caras já apresentavam maturidade e consistência musical.

A gente, que fica do lado de cá, com o ofício de escrever sobre artistas e bandas, fica sempre à beira de um sofrimento linguístico-semântico. Cara, a gente quer muito fazer direito, saca!? Quais as melhores palavras, adjetivos, estilos de linguagem e tudo mais para falar desta banda? Sem falar no sentido subjetivo, porque afinal, gostar ou não de tal som, independente de ele ser bom, é algo muito pessoal.

Pois bem, em meio a esta minha particular agonia de querer proporcionar a quem lê, um bom texto, quem sabe até meio rebuscado, fazendo-me parecer inteligente e grande conhecedora dos assuntos musicais modernos, eu achei a redenção ali mesmo, no som dos caras.

A móveis continua fazendo o que sempre fez de melhor: Um som sem firulas nem invencionices, porém muito bem cuidado, bem tocado e produzido, com letras fáceis de gostar, cuja inteligência encontra-se justamente nas sutilezas.

Quem sou eu então, para fazer floreios textuais?

Não me venha com Saionará, o sol nascente não retornará

A primeira vez que ouvi o novo disco da Móveis, foi no carro. Estava na Viera Souto, vindo em direção à Botafogo. Fim de tarde, prenúncio de verão no Rio e toda aquela paisagem linda demais, misturada com o burburinho dos ciclistas, skatistas, e a galera indo jogar altinho. O vidro aberto, o vento literalmente balançando minha cabeleira vermelha e o som nas alturas. Parecia sim que eu estava dentro de um filme e a trilha era perfeita! Tão perfeita que minha vontade era de que o caminho se estendesse, que eu pudesse pegar a estrada. Estradeiro esse som! Sim, o disco é solar, diurno, groovado, o disco é simplesmente gostoso de ouvir! Qualquer outro adjetivo é querer inventar pretexto pra falar. O disco é gostoso, maneiro, irado, massa, ou qualquer coisa neste caminho.

Vale dizer que o naipe de sopros e as viradas da batera chamaram minha especial atenção. Às vezes rolava uma coisa meio Elvis, às vezes meio James Brown. As letras quase sempre inteligentemente irônicas, vez ou outra abrem espaço a intensidade cáustica ou a delicadeza nostálgica.

De lá até aqui é um som gostoso de ouvir e fácil de gostar. Cai bem pra começar o dia, cai bem pra pegar uma estrada, cai bem pra findar a noite numa balada maneira.

Se não estava nos seus planos… apenas fecha os olhos e vai!

Share Button

Estuda música desde os 13 anos, desenvolve pesquisa na área da música independente , produtor de bandas de diversos estilos e compositor de trilhas sonoras.

Recommended Posts