Resenha: Alice Caymmi | Rainha Dos Raios

Resenha: Alice Caymmi | Rainha Dos Raios

Alice Caymmi

Filha, neta e sobrinha de peixe… Peixinho é? NÃO! No caso de Alice Caymmi, o diminutivo não cai bem, mas sim o aumentativo. Alice é um peixão, uma explosão na cena contemporânea. Por quê? Porque poderia muito bem, obrigada, ter se mantido na herança familiar da bossa nova e do samba, mas foi muito além: pegou a grandiosidade dos Caymmi passada de geração em geração e chutou um balde de identidade em cima de todo mundo ao lançar Rainha dos Raios, em setembro.

A cantora já mostrava um pouco dessa flexibilidade quando lançou Alice Caymmi, em 2012. O registro disso mantinha-se um tanto velado dentro da canção Água Marinha, mas a inclinação para um gosto eletrônico também podia ser percebida na regravação de Unravel, de Bjork. Rainha dos Raios é um marco, não somente por ter um estilo que pende para o lado eletrônico – característica bem trabalhada por Diogo Strausz, produtor desse trabalho –, mas porque rompe com a predisposição que cada um carrega a ter preconceito com o que não é esperado. É por isso que o disco demora um pouco para ser processado pelo público de Alice, assim como Recanto demorou para obter uma aceitação do público de Gal Costa.

A apresentação dos 10 primeiros segundos de “Como Vês”, que abre o disco, já dá a noção de que ali começa um espetáculo. O espetáculo de Alice tem Caetano, mas também tem MC Marcinho e outros. Esse é outro ponto que mostra a quebra de preconceitos, pois Alice se mostra audaciosa e muito elegante ao colocar suas impressões digitais em diferentes canções, como se tivessem sido realmente manuseadas por ela. “Homem” e a já aclamada “Iansã” são os destaques desse trabalho recheado de interpretações marcantes, seja pela voz de realce da cantora ou pela fixação das batidas.

No fim, o que se percebe é que Rainha dos Raios veio para mostrar, principalmente, traços da personalidade de Alice Caymmi, forte como sua voz. Em um único disco ela expõe suas antíteses: é sofisticada e rústica, é leve e pesada, é tranquila e agitada… Cada uma dessas características são as cargas que, quando se chocam, formam os raios que Alice comanda com autoridade. Afinal, ela é, além de tudo, a rainha dos raios.Epa-heyOyá!

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De São Paulo, apaixonada por cultura, arte e comportamento humano. Movida a música.

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