Resenha: Onagra Claudique | Lira Auriverde

Resenha: Onagra Claudique | Lira Auriverde

Formado basicamente pelos paulistas Diego Scalada e Roger Valença, amigos desde a adolescência, o Onagra Claudique só veio a tomar forma quando ambos se fixaram na capital de SP. Assim, em 2012, surgiu o EP “A Hora e a Vez de Onagra Claudique”, em alusão à novela de Guimarães Rosa, presente em Sagarana. Com uma boa recepção da crítica, o EP caminhou para o CD, também contentor da paixão dos criadores pela literatura, mostrada nas menções a grandes autores (Drummond, Cortázar, Safo, etc.). Lira Auriverde foi lançado em outubro do ano passado e – assim como Sagarana, foi uma compilação de novelas e contos por Guimarães Rosa – demonstra ser uma coletânea de crônicas.

As letras das dez canções presentes em Lira Auriverde cobram muita atenção do ouvinte. As estórias – e por que não histórias? – são cheias de informações: simples em sua maioria, mas merecedoras de uma abstração com disciplina. Mesmo porque repetições são quase inexistentes em todo o decorrer do álbum, que possui algumas faixas ultrapassando os quatro minutos. Se a extensão das faixas causa receio de que o processo de audição fique cansativo, a solução já está embutida: músicas com letras corridas, agregando informações do que é expressado de maneira linda e poética sempre.

A sonoridade que acompanha as músicas de Onagra Claudique é arrebatadora, permeada de arranjos cuidadosos, dando um toque de sofisticação ao cotidiano, cotidiano esse mostrado a partir de um café expresso ou de um pensamento nostálgico. As referências folk com arranjos que remontam ao rock tornam a melodia muito harmoniosa e agradável.

Produzida pela dupla Fabio Pinczowski e Mauro Motoki, parceiros de Diego e Roger desde o início, Lira Auriverde é um belo “audiobook” de crônicas musicadas, prontas para serem apreciadas por sua leveza.

Share Button

De São Paulo, apaixonada por cultura, arte e comportamento humano. Movida a música.

Recommended Posts