Resenha: Phillip Long | Zeitgeist

Resenha: Phillip Long | Zeitgeist

Após um criativo “período gestacional” nasceu, cheio de luz e inquietações, o espírito guardião, o Zeitgeist de Phillip Long, lançado em julho deste ano através do selo Grama Records, disponível para download gratuito no site philliplong.com.br.

Arranjado e produzido por Eduardo Kusdra, o nono disco do cantor e compositor paulistano aborda, de maneira paradoxa, o tempo em que nos encontramos, pois, mesmo com letras que criticam a opressão social latente da atualidade, a superficialidade das relações, a crise de sentidos e sentimentos, a melodia e a voz suave de Phillip conseguem ser muito confortantes, parece que uma hora “tudo vai dar certo”.

A inquietação com o momento social em que vivemos também pode ser percebida na arte da capa, trabalho de Jocê Rodrigues e Ebbios Lima, mostrando a superficialidade e o enrijecimento da relação. Dá ideia de menos contato entre os indivíduos, essa incapacidade de contato traz intolerância, relacionamentos egoístas, superficiais. Apesar dessa angústia no sentido da imagem da capa, as cores são tão românticas a afagantes.

É evidente em algumas faixas a referência à Legião Urbana, mas de uma forma contemporânea, com marcas próprias. Destacam-se canções, que, apesar do peso nas letras possuem uma pegada mais pop/rock, dançante “Tired of Being a Boy”, “Happiness Comes by Morning” e “Moonchild” chamam atenção pelo contrabaixo marcante e apaixonante, fazendo referência ao rock dos anos 80. Mesmo com influências evidentes há  singularidade, identidade própria em todo o trabalho.

Zeitgeist é mais que uma sequencia de músicas legais pra curtir. Além de todas as músicas serem muito agradáveis há também uma relevância na mensagem passada. Chama muito a atenção por abordar  essa sociedade virtual de hoje. Tempos atrás a tecnologia nos indagava: “pra que visitar se posso telefonar?” e hoje mais que isso temos o: “pra que telefonar se posso enviar uma mensagem de texto?”. O disco aborda o fato de estarmos perdendo o contato real com as pessoas. Expõe a perspectiva do compositor sobre o outro, sobre a forma de viver da nossa geração.

Nada contra a “arte pela arte”, a música com o único objetivo de divertir, de fazer dançar, isso tem muito valor. Mas não se pode negar que falta ao artista da atualidade uma preocupação em expor uma visão crítica do que acontece na sociedade, com a política. Quando a boa música vem aliada a essa manifestação é indefectível, é arrebatador e transforma. Por isso o “espírito do tempo” de Phillip Long merece ser escutado de maneira toda especial. À primeira “escutada” envolva-se pela melodia atraente, à segunda e a partir daí, se veja nessa sociedade e se perceba nas suas relações.

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aspirante a jornalista, curiosa, movida pelos sentidos que a arte produz, menina mulher da pele preta.

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