Resenha: Verônica Ferriani

Resenha: Verônica Ferriani

Verônica Ferriani

Se tem algo que gosto em um disco, é o encarte. Sou desses que julga pela capa. Quando recebi a missão de escrever sobre Porque a boca fala aquilo do que o coração tá cheio, fui direto nele. Abri. Percorri meus olhos em todo material e bem lá no começo dos créditos leio Letras e músicas: Verônica Ferriani. Me ganhou.

Se a boca fala aquilo que está cheio o coração, o de Verônica está repleto de amor. Nas 11 canções do álbum, passeamos por todos os anseios, experiências, conflitos e ironias que ela pode nos contar.

Este é seu segundo disco e o primeiro somente com músicas autorais. Porém meu primeiro contato com ela foi na versão de Com mais de 30, de Marcos Valle, onde ela canta deliciosamente

Não confie em ninguém com mais de trinta anos
Não acredite em ninguém com mais de trinta vestidos

Hoje muito mais madura, com mais de 30 anos e com certeza com mais de 30 vestidos, Verônica me surpreende com este livro de poesia em forma de CD. Na faixa Eu preciso saber, ela dá quase que um tapa na nossa cara em forma de conselho: Sem adiar felicidade ou tristeza / Ser você a sua melhor companhia.

O disco é impressionante. Verônica Ferriani canta com charme. É possível imaginar a cada faixa do disco uma cadencia corporal, como se houvesse um movimento diferente para cada canção. Completando o Porque a boca fala aquilo do que o coração tá cheio estão Guilherme Held (guitarra), Sergio Machado (bateria), Regis Damasceno (violão), Alexandre Ribeiro (clarone), Pepe Cisneros (piano Suette) e Thiago França (sax).

No disco tem de tudo. A cada play, uma surpresa diferente. Cada faixa, uma nova sensação. A cantora prende nossa atenção do início ao fim. Várias são suas experimentações musicais, fazendo do disco uma agradável surpresa.

Talvez seja até chover no molhado a música que mais gostei, no entanto é aquela que acompanha o nome do disco. De boca cheia foi a que mais chamou atenção, não somente por conta da letra, mas por sua construção musical: uma trilha tensa, com palavras muito bem pontuadas, contando a história da mulher que não é amada pelo homem com quem está.

E fechando o material, ela nos presenteia com o mantra Lábia Palavra, que encerra toda discussão do disco com:

O amor morre, a arte não.

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Filho de chocadeira. A ovelha negra da família! Perdido há mais de três anos em São Paulo! Jornalista por formação. Fez cinema pra ver no que que dá. Não deu em nada. Trabalha com rural mas é na música que está seu deleite. Não sabe tocar nenhum instrumento, mas finge que é uma beleza.

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