Resenha: Projeto Vinagrete

Resenha: Projeto Vinagrete

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“Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa: Navegar é preciso; viver não é preciso”.

Do poema de Fernando Pessoa – embora a frase citada seja de autoria do general romano Pompeu – à música popular brasileira, pouco muda. Diz a estrofe seguinte: “não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso. Só quero torná-la grande […]”.

O começo desta resenha não tem pretensões mirabolantes. Paro por aqui. É que Pessoa logo me veio à mente quando li o título do disco que devo comentar: “Misturar é preciso”, do Projeto Vinagrete.

Talvez seja isso. Nele, não se conta gozar a música; nem em gozá-la se pensa. Só querem torná-la grande com tudo aquilo que podem. E a criação, para muitos, consiste nessa sede de fazer caber o incabível.

O trabalho traz canções que navegam – ou melhor, misturam – entre samba, samba-rock, salsa, frevo e afoxé. Seu maior ativo é ser intenso do início ao fim, sustentado por uma cozinha de baixo e percussão consistente e forte, e por uma voz de timbre limpo, amplo e devidamente grave.

Datado de 2006, o Projeto Vinagrete é composto pelo cantor, compositor e cavaquista Uribe Teófilo, pelo violonista Diego Rubio e por Gui Reis, o Gui da Cuíca. Em “Misturar é preciso”, os arranjos ficaram por conta do trompetista Marco Stoppa e a produção foi do contrabaixista Pedro Baldanza, quem já acompanhou nomes como Elis e Ney Matogrosso, além de integrar o mítico e visceral Som Nosso de Cada Dia.

Assim como é bom um pão de queijo quentinho com doce de leite, e assim como a noite e o dia se equilibram para nos manter em movimento, Vinagrete e Fernando Pessoa conviveram em paz nesta resenha.

Afinal, misturar é preciso. E arruar também.

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Estuda música desde os 13 anos, desenvolve pesquisa na área da música independente , produtor de bandas de diversos estilos e compositor de trilhas sonoras.

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