Resenha: Gustavo Galo
by Di Pietro
“Minimalista” é uma definição muito mínima. Vivem dizendo por aí que fulano é minimalista, que esse design é minimalista, que aquele pintor é minimalista. Mas é preciso ir ao máximo desse minimalismo.
Qualquer busca rápida nos dicionários dá que minimalista é a pessoa ou ambiente que preza pelos detalhes. Geralmente desprovido de excessos. Mas quem disse que detalhes são mínimos? Só porque são pequenos? Mesmo os mínimos átomos são divisíveis. Não há o que seja grande sem ter sido pequeno.
Minimalista, portanto, deve ser aquele que tem como especialidade arquitetar os mínimos. Compor fragmentos e combinar detalhes para então produzir excessos.
O cantor e compositor Gustavo Galo é desses que têm os olhos treinados para partículas. Após anos com a Trupe Chá de Boldo e com a banda Doideca (interpretando canções de Itamar Assumpção e Luiz Tatit), seu primeiro trabalho leva o nome de ASA, cujos motivos dizem tudo: “ASA, pelo tiê-sangue, pássaro que na época em que comecei a cantar, depois da chuva, pousava na folha diante da minha janela. ASA porque está dentro da palavra brasa, dentro de casabrasamora, lugar onde vivo há três anos e onde compus o repertório desse trabalho. ASA por ser independente, feito às próprias custas, sem grana, mas com gana e tesão. ASA, porque carreira solo é uma expressão triste demais.”
Além de triste, é também mentirosa. O solo, nesse caso, não camufla os detalhes que estão por trás. A banda que gravou com Gustavo Galo tem Meno Del Picchia no baixo, Zé Pi na guitarra, Peri Pane no violoncelo, Pedro Gongom na bateria e percussão e Tomas Oliveira no piano e rhodes. A produção musical teve o comando de Gustavo Ruiz (que assina também discos de Tulipa Ruiz, Veronica Ferriani, entre outros) e Tatá Aeroplano (Cérebro Eletrônico).
As participações especiais ficam por conta de Lirinha, Alzira E., Mauricio Pereira e Ava Rocha nas vozes e coros, Lucinha Turnbull e Luiz Chagas nas guitarras e violões, Juliana Perdigão no clarinete, Maico Rodrigues no trompete, Pedro Mibielli no violino e arranjo de cordas e Flavio Guaraná na percussão.
Não pode ser minimalista, apesar de ser, alguém que tem a sensibilidade de cantar “essa noite, se você quiser seresta, deixa a janela aberta”, e o cuidado de enterrar o próprio coração numa praça para ver se nasce. Tomara, tomara, tomara que nasça.
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