Resenha: Phill Veras – Carpete
SINCERO SILÊNCIO DOENTE
Algo da Gaveta caiu, delicadamente, sobre a imensidão do Carpete. E os leves e fortes passos de Phill Veras trataram de recolocar todas as coisas em suas devidas confusões. São pequenas feridas incuráveis. São infinitas paixões desatentas. São estrelas que procuram a finitude do adeus. São olhos que transcendem a textura.
E, de repente, uma máscara atravessa o suéter para que o ar seja.
Phill vai do ébrio ao ingênuo se equilibrando entre os cinismos lúcidos de suas canções. Eis aqui uma tribo inteira de gente sozinha em coro na platibanda de seu coração infestado por demônios na iminência do exorcismo.
Taquicardia.
Canção que finge sanidade.
São 04h45 da manhã.
Os já conhecidos vitrais da minha sala, alaranjados pelo sol ainda tímido, não iludem minha verve noturna. E eu compadeço do autor ao ouvir Meu vão. Sim, eu entendo esse lugar e todo esse vazio. Eu te entendo, Phill. Não estamos mais tão sozinhos no mundo.
O apartamento da alma é pequeno e nele cabem todos os anseios do mundo. Nas mãos, nada. Apenas a desilusão de se achar em canções como Cala.
Olha bem na minha alma.
E eu olho, Phill. Pra sua e pra minha. É muito fácil senti-lo aqui, perto, como um menino bobo e chato procurando, desastrosamente, um amor em algum lugar ridículo de si mesmo. O que o velho John dizia agora faz todo o sentido. E quem consegue dizer não?
E do Sorriso ao Sono ao Canto, vi o quanto Carpete era Fundo no meu coração.
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