Orfismo: O Lirismo Épico do Poetinha Vinicius de Moraes

Orfismo: O Lirismo Épico do Poetinha Vinicius de Moraes
Vinicius de Moraes
 
” Amo-te tanto, meu amor… não cante/O humano coração com mais verdade…”
(Trecho do Soneto do Amor total)
“De repente do riso fez-se o pranto/Silencioso e branco como a bruma…”
(Trecho do Soneto de Separação)
“De tudo ao meu amor serei atento/ Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto…”
( Trecho do Soneto de Fidelidade)

Queridos leitores. Peço licença poética para escrever sobre Vinicius de Moraes. Creio eu que todo mundo de certa forma, tenha alguma memória afetiva ligada ao poeta. Ainda que seja para compilar seus famosos sonetos e oferecer ao ser amado; ou para escrever bilhetinhos românticos. Não importa: Vinicius de Moraes, o “Poetinha” consagrou o lirismo no modernismo brasileiro e ficou notadamente conhecido pelos poemas, composições e pela vida boêmia que levava.

Grande conquistador e apreciador de uísque, a qual certa feita cunhou de “Cachorro engarrafado” a obra do poeta é tão vasta e apaixonante como sua própria vida. Casou-se inúmeras vezes, fez conhecidas parcerias musicais com renomados artistas da música popular brasileira como Tom Jobim, Chico Buarque, Toquinho, Baden Powell entre outros. Não quero me delongar excessivamente na vida pessoal do poeta, mas sim destacar sua importância para muitos de nós.

Eu pessoalmente tive contato com a poesia de Vinicius muito cedo no colégio, e me apaixonei perdidamente logo na leitura dos primeiros versos. Com o tempo fui me aprofundando mais em sua obra, e escutei músicas e músicas cuja composição é do Vinicius. E quantas vezes não sonhei ao som daquelas musicas, quantas vezes (No meu despertar de adolescente) eu me imaginei vivendo alguma situação romântica através daquele lirismo todo!

E o que dizer das mulheres encarnadas nos sonetos e poemas de Vinicius de Moraes? Mulheres frágeis, mulheres sedutoras, amadoras e insanas. Mulheres. Ninguém melhor do que ele soube consagrar um carinho tão especial as mulheres. Sobretudo amou-as, divinizou-as, consagrou a natureza feminina tão “feita de amor e de perdão”. Deu-nos inúmeros conselhos amorosos em frases soltas: “Quem de dentro de si não sai, vai morrer sem amar ninguém” ou “A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida.”

É, poetinha, a mim a irreverência da sua vida e obra inspirou-me profundamente. Também concordo que amar é uma doação, que nós mulheres somos feitas de amor e de perdão e somos feitas para o amor como o nosso próprio instinto sugere: Amamos namorados, maridos, amamos filhos; Nos doamos emocionalmente na única expectativa inconsútil de viver uma experiência amorosa. E sabemos talvez intuitivamente, que o amor se encontra aí: Nos encontros, desencontros, na  busca, no permitir-se doar e doer. Ainda cunhou-nos com extensos lirismos filosóficos. Porquê o amor também é filosofia, é  arte. Amar requer coragem e uma pitada de imaginação, porque “Para viver um grande amor, primeiro é preciso sagrar-se cavalheiro e ser de sua dama por inteiro — seja lá como for. Há que fazer do corpo uma morada onde clausure-se a mulher amada e postar-se de fora com uma espada – Para viver um grande amor”.

E eu termino este texto, dizendo que para viver um grande amor é preciso dedicar-se ao outro pelo puro e exclusivo prazer de amar. É preciso refazer-se em cuidados, em mimos, em risos, em sisos. Amor também tem que ser levado com seriedade.  Mas que tudo isso não adianta nada, se não encontrarmos a alma de nossa alma – Para viver um grande amor.

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Estuda música desde os 13 anos, desenvolve pesquisa na área da música independente , produtor de bandas de diversos estilos e compositor de trilhas sonoras.