Entrevista: Lenine

Entrevista: Lenine

Falar em música brasileira é também falar de Lenine. O Pernambucano, que viveu boa parte de sua história no Rio de Janeiro, está agora lançando os vídeos da turnê “Chão”, enquanto preparar o disco novo – “Carbono”.

Ele conversou com o Jardim Elétrico e contou um pouco mais sobre o que tem sido toda sua his´toria musical. Confira!

Lenine, eu vejo entre os músicos um nicho que é praticamente uma escola sua. Grandes admirados que acabam sendo influenciados pelo seu trabalho… Vide 5 a seco, Paulo Monarco e uma leva nessa linha… O próprio Tó chegou a participar do Carbono, certo?Você acompanha esses novos trabalhos?

Tem uma lista, porque tem tanta coisa coisa bacana que tenho ouvido ultimamente. Muita coisa que me comove…E isso também é um gancho, uma possibilidade de me aproximar do que eu gosto. Ao longo de toda minha carreira, sempre tentei fazero trabalho como uma coisa coletiva. E sempre fazer um projeto novo significava experimentar pessoas novas, possibilidades.

E pra você, quem foram as grandes influências da sua carreira?

Eu sou rock’n Roll, né? Eu sou Zeppelin na veia. Por outro lado,o que me pegou na música e me deu essa surpresa de que dá para fazer algo muito bacana no Brasil foi o Clube da Esquina, foi o Milton Nascimento. Acho que tenho esse débito no DNA para com Milton e sua turma maravilhosa.

sobre o novo disco… Tem previsão de lançamento? Conta um pouco sbre participações especiais e produção… O Giorgi está envolvido novamente?

Estou extremamente feliz porque é mais um projeto que vai gerar um show novo. Mas o melhor antes disso acontecer é o fato de a gente estar disponibilizando pela primeira vez todo o processo e o repertório do show do “Chão”. Já começou e vai dar acesso a essa coisa muito bacana que foi esse projeto. Tem características bem peculiares, era só um trio de guitarristas. E o processo de captura disso foi só com GoPro, durante todos esses três anos. Então é um momento muito especial para mim, como uma contagem regressiva para um trabalho novo, resolvemos mostrar a trajetória do “Chão”, música a música, a cada dia uma nova.

Falando então um pouquinho desse novo modelo de mercado para música… Que erros e acertos você enxerga na hora de lidar com esse leque que envolve streaming, download, disco fisico, youtube, shows presenciais e online… Entre tantas outras coisas?

O digital não pode ser apenas um reflexo do que foi o analógico. Então, é um universo muito novo. São tantas e infinitas possibilidades que a gente nem tem noção de que ferramenta é essa, ainda. Mas acho que, assim como o analógico, o digital foi também uma mecânica, uma plataforma para se continuar pulverizando música. Nunca se viu tanta música. Todo esse universo digital é uma coisa muito nova.

O Bruno foi indicado ao Grammy Latino pela produção de Chão. Como foi isso para você enquanto artista e também enquanto pai?

Rapaz, corro o risco de ficar sem saber o que dizer (risos). Isso tudo não começou no “Chão”, o interesse por música e produção por parte do Bruno começou muito cedo.Por mais que seja uma pessoa ainda nova, ele tem já uma experiência. E trabalhar com o filho, você imagina prazer que é (risos).

E ele acabou fazendo outras produções…

Ele tem duas bandas, o Posada… Ele tem todo o universo da criação e tem a história da produção, que ele também gosta muito. Não se restringe apenas ao meu trabalho.

A sua carreira internacional também foi bem consolidada e vc até citou em entrevista ao Minc que teve um show inesquecível em Paris… O que você traz dessa experiência fora do país para seu trabalho, seja em arranjos e composições ou seja na forma de disseminar seu trabalho por aí?

Que bacana você me dar a oportunidade de falar sobre isso e entender que a música que eu sempre fiz tem um caráter planetário e não se restringe só aos ritmos do Brasil e da América Latina. Desde muito cedo eu pude exercitar essa troca, descobrir isso… Mas principalmente me reconhecer nos ritmos. De toda forma são diferentes, uma cultura completamente diferente, mas chegou num ponto de expressão muito próximo do que eu faço. Isso tudo me aproximou de uma arte planetária, eu acho. Esse diálogo permanece e é algo que me estimula muito.

Isso sem perder o Recife e o Rio de Janeiro…

É verdade (risos). Mas eu só canto em português. Então tem essa coisa de a língua ser a base de tudo que eu faço.A minha música tem essa característica, eu me sinto melhor compreendido nos países latinos. Quando você está tocando na Escandinávia, Dinamarca ou Áustria… É melhor! Neste momento, é só a música. Um anzol possível de capturar as pessoas. Mas quando estou tocando na Espanha, América do Sul… Me sinto melhor compreendido, porque a língua é 50% do que eu faço. Apesar de gostar muito de viajar e tocar em todos os cantos.

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Carol Tavares é jornalista. Passou pela MTV, pela Bandeirantes e a hiperatividade levou seu caminho a cruzar felizmente com o Jardim Elétrico e criar a produtora Jazz House. Apaixonada por música, pelo amor, por Alberto Caeiro e por seu acampamento no Jalapão.