Entrevista: Léo Middea
Leo, é notável a temática bucólica e camponesa em suas canções. É de uma beleza ímpar. Fala um pouco pra gente sobre isso. Outra coisa: Você já ouviu os rocks rurais do Zé Rodrix? Há alguma influência?
Pois é, eu tenho uma relação com a natureza forte e involuntariamente ela sai nas minhas canções. Eu moro na capital do Rio e quando fico muito tempo preso nessa cidade de engarrafamento e sujeira tenho uma dificuldade maior para compor. Por isso tento fazer sempre uma viagem para algum lugar onde possa acampar para sentir as águas, o verde e o tempo real da vida. Quando eu volto eu estou em outra sintonia e aí as composições tendem a surgir bem mais leves. Eu nunca escutei Zé Rodrix vou até pesquisar, mas há os Wings, banda do Paul McCartney pós Beatles que também evidenciam uma temática bucólica.
Seguindo o exemplo de caras como o Moska, por exemplo, você se relaciona com a América do Sul. Achei genial o incidental do Gardel na canção Bilhete. Qual a influência da música argentina no seu trabalho?
Além de ter uma paixão pela Argentina e pela cultura de lá, a música “Por una Cabeza” do Carlos Gardel que se encontra na canção “Bilhete” é uma música que eu passava horas preso no trânsito apenas repetindo essa canção e ela fazia um efeito mágico comigo. Na época em que eu fiz essa música eu estava na dúvida se ia morar na capital Argentina e como a música fala a respeito de como minha cabeça estava confusa, eu resolvi colocar esse Tango para identificar a época em que tudo isso se misturava. Acho que a música Argentina tem haver com um toque latino e tanto a Argentina como os outros países da América do Sul tem essa pegada que sinto pulsar nas minhas veias e tento fazer com que essa pegada se torne parte da melodia das canções. Há diversos artistas que admiro como “Bersuit”. Essa é uma banda que passa por diversos ritmos, porém o que prevalece é esse ritmo latino Argentino. Eu acho interessante na energia que esse país trás pra gente. Da última vez que estive lá conheci e toquei com uma banda chamada “Ual·la!” que vieram de Barcelona para tocar em diversas casas de shows de Buenos Aires e também gravar o disco deles. Há uma diferença do primeiro disco deles, feito em Barcelona, e com o segundo, que foi feito em Buenos Aires. As músicas tomaram outra forma, um dia eu quero fazer um disco que passa por diversas cidades e países. Uma música em cada lugar e ver o resultado. Deve ser incrível essa experiência.
Sou fascinado por capas, acho que traduz muito do conceito do trabalho, mesmo que ele nem seja tão conceitual assim. Achei a capa a cara das canções. E, ao contrário do que parece ser, achei o título bem subjetivo. Conta pra gente um tanto sobre o processo de criação do Dois.
O principal ponto da capa do disco são as duas bicicletas que representam Dois relacionamentos que eu tive por isso o nome do álbum. Essa foto da capa eu tirei em uma Reserva Florestal do bairro de Puerto Madero em Buenos Aires, foi totalmente coincidência ela ser a capa do álbum. Eu estava no processo de gravação do disco e nessa época resolvi ver as fotos que eu havia tirado da primeira vez que fui para a capital Argentina. Quando vi aquela foto das duas bicicletas que eu tinha tirado achei totalmente haver com o disco, o jogo das bicicletas, a natureza, o clima. Todo processo do álbum não tive que medir esforços. Eu estava fazendo uma peça de Teatro na época então por conta disso a ideia de formar uma ideia teatral no disco foi totalmente intuitiva. Eu produzi junto com o Igor Silva que realizou a gravação de todo o álbum. Nós estávamos em uma relação mega produtiva juntos. Gravávamos as canções, comíamos pizza pensando no próximo passo e assim vai. Foi um processo agradável e um tanto divertido até.
Como você se relaciona com o novo cenário da música independente brasileira?
A música independente tem estado bastante rica, a cada dia eu descubro alguma revelação nova. Porém não tem estado em tanta evidencia assim no país. Mas por ela já está criando seu espaço já é um bom começo e devagarinho vai conquistando uma posição melhor. Assim espero!
Quais os planos para 2015, Leo?
Fazer mais shows aqui no Brasil para poder espalhar minha música para os mais diversos ouvidos desse país e começar a ter um inicio na gravação de um segundo CD. Já não aguento mais segurar as músicas novas, vamos ver o que vai acontecer.
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