O Ex Cêntrico de Dani Mã é forte, como toda sua música
Existem sons que combinam com o pé na areia, com vento de mar – ou montanha – passando pelos cabelos. Dani Mã provoca vontades de se deixar levar, em seu mais recente trabalho, o álbum “Ex Cêntrico”. A alegria rege e comanda a sala enquanto a letra diz: “eu vou colecionar você, te estampar por toda casa”. A faixa, “Figurinha”, é uma das muitas maneiras dançantes de fazer música que o artista entrega.
O menino desce a ladeira do Pelô, o sol brinca por cima de sua pele e com os passos mais largos que as pernas, ele olha a janela dos casarões, cumprimenta, segue seu caminho. Lá embaixo, a feira. Fruta, cor, cheiro, tudo junto, unindo Salvador e a Bahia, no ritmo da canção. Sabendo do local de nascimento de Dani Mã é difícil pensar em sua música separada dessa terra. Ao escutar “Do bem”, as imagens de um lugar solar, de paz, invadem a mente.
Daniel Mã reúne uma carreira de discos e parcerias muito interessantes que somam à sua música. O artista produziu, em 2003, seu primeiro álbum: “Para se molhar”, já em São Paulo, formou o grupo Na Roda e lançou em 2005, o CD homônimo “Na Roda”. Após projetos diversos sempre visando desconstruir estereótipos, o álbum, ex cêntrico, de 2016, é um diálogo entre o retrô e o moderno, combinando as sínteses criativas de seu caráter multicultural, de acordo com o artista.
O artista conta que “Ex Cêntrico” é resultado de uma brincadeira com os sons folks e leves que Dani Mã deixou que o influenciassem nos últimos tempos. O álbum segue um caminho sólido, com influências e ritmos próprios, sem perder a carga de surpresa ao avançar cada música.
A combinação de letra e melodia – bem arquitetadas – são amarradas com a voz de Daniel Mã e diversas parcerias, vocais femininos, principalmente. “E vem” é doce, possui toque em francês, faz rima com essas sensações brasileiras, de safra boa, inédita. Arrisco dizer que Daniel é diferente de tudo que já passou por aqui, pois há um trabalho afetuoso em sua obra, um cuidado contracenando com o tempo. “Devez” é uma pausa no ritmo swingado, é a entrega do rapaz e o violão, o doce das músicas passa para a boca. Suas colocações fluem, a letra flui, a melodia encaixa e deita nas linhas. Dani Mã veste esse manto, que lhe cai muito bem.
Mais do que tentar explicar o que toca por dentro em cada faixa desse álbum, fica o convite para a surpresa, para a agradável. Todas as músicas são capazes de emocionar, abrem caixas e fecham ciclos. Dani Mã consegue unir anos de experiência em um ponto crucial: sua obra afeta. Se era essa a intenção primeira, foi realizada com sucesso.
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