Os Descordantes – Quietude
by Pedro Cindio
Muita coisa aconteceu desde “Espera a Chuva Passar”, álbum de estreia d’Os Descordantes lançado em 2014. Já famosos no Acre por misturar a tradição dos cancioneiros do norte com o pop rock, a banda fez sua primeira tour nacional em 2015 e foi notícia no Brasil e na Europa quando lançou um vídeo combatendo a prática da cura gay no Brasil. Em 2016, foi indicada como aposta para o pop nacional pelo jornal O Estado de S. Paulo.
Agora eles lançam “Quietude”, álbum gravado durante um retiro de 4 semanas no sítio Toa Toa no interior do estado. Levaram 4 canções prontas e retornaram com 11 faixas inéditas que confirmam a vocação da banda para o pop.
O disco mescla com o rock, o progressivo, o brega… uma banda que amplia demais sua composição e não se prende a um único estilo, como um molde. Uma banda que ainda promete demais dentro do cenário, caso as gravadoras realmente estejam interessadas em um som de qualidade.
Para “Quietude”, a escolha foi de gravar ao vivo no estúdio, registrando no disco a sintonia autêntica que os caras têm nos shows ao vivo.
Com “Trem Fora dos Trilhos”, a banda inicia o disco de uma maneira lenta, porém mostra uma linda produção e melodia rica. Ótimas passagens de orquestração, flertando com a música psicodélica. “Desamor” mostra o lado mais pop da banda, lembrando passagens de Elton John e Guilherme Arantes. Letra íntima, sonoridade pra cima. Combina demais com um show, anima a todos.
O disco segue com “Iguais (o que sou pra você?)”, uma introdução com um belo coro e a guitarra abafada dá um charme na música, em ritmo de valsa.
É neste momento que as músicas ficam mais lentas, seguindo pela regravação “Simplesmente”, em que a banda mostra uma melancolia amorosa. A música apareceu antes em “Próxima Estação” da Volver, banda de Bruno Souto, que assina a faixa junto com João Vasconcelos. “Acho essa música fantástica e o João sabe disso. Toquei ela ao vivo com o Bruno algumas vezes e decidimos fazer a nossa versão.”, diz o vocalista Dito Bruzugú. “É a única música do disco que não foi composta por nenhum integrante da banda.”
O disco segue mais lento com a balada “De mim nada sei”, que conta com a participação de Daniel Groove. “Não é nada” vem mais gingada e com alto astral, mantendo o ritmo pra cima com a passagem para “Cá entre nós”, onde encontramos um jogo de palavras maravilhoso. Aqui vale um parêntese. Muitos são bons de letras, muitos são bons de composições melódicas, mas a banda consegue ter uma excelente qualidade nos dois aspectos. Poucos têm isso na música brasileira hoje.
“Levante” é outra regravação, da galera da Filomedusa, também do Acre. Uma música um pouco mais longa no disco, que faz justamente o desapego sonoro. O disco vai chegando ao seu final dando novamente uma pausa no peso, com “Vai ver”, que flerta bem com o brega de alta qualidade, lembrando momentos de início de carreira do Amado Batista. Destaque para o solo de trompete seguido pela guitarra. Que casamento fantástico a banda fez, sem exageros nem firulas.
O disco fecha com uma balada, “O que me traz”. Um início bem enigmático, seguido por um lindo violão e voz que dá o tom certo de finalização do disco.
Os caras amadureceram bastante, criaram e recriaram com as regravações. O disco mostra uma banda que tem de tudo para vingar no cenário brasileiro. No estilo, há grandes chances de ser o disco do ano, sem medo de errar. Basta agora as produtoras de shows levarem essa galera pra todo Brasil. Público para eles é o que não vai faltar!
Ficha técnica
Os Descordantes
Quietude (2017)
1 – Trem fora dos trilhos (Bruno Rocha/Diego Torres)
2 – Desamor (Diego Torres)
3 – Iguais (O que sou pra você?) (Diego Torres)
4 – Simplesmente (João Vasconcelos/Bruno Souto)
5 – De mim, nada sei part. Daniel Groove (Diego Torres/Daniel Groove)
6 – Não é nada (Saulo Olimpio)
7 – Cá entre nós (Saulo Olimpio)
8 – Não sou capaz (Diego Torres)
9 – Levante (Saulo Olimpio/Diogo Soares)
10- Vai ver (Diego Torres)
11 – O que me traz (Diego Torres/Paulo Vitor Belmont)
Produzido por João Vasconcelos e Os Descordantes
Gravado por João Vasconcelos, no sítio Toa Toa, Senador Guiomard, Acre.
Gravações adicionais no estúdio Cambuci Roots, em São Paulo.
Mixado e masterizado por Klaus Sena e João Vasconcelos no Klaus Haus Studio
Produção Executiva: Dito Bruzugú
Guitarras: Dito Bruzugú e João Vasconcelos
Violões: Dito Bruzugu
Baixos: Saulo Olimpio
Teclados: Heriko Rocha e João Vasconcelos
Bateria: George Naylor, Thiago Melo, Saulo Olimpio e João Vasconcelos
Vozes: Dito Bruzugú, Saulo Olimpio, Heriko Rocha e João Vasconcelos
Percussões: João Vasconcelos
Trombone: Carlos Alexandre
Trompete: Rogério Martins
Facebook: https://www.facebook.com/OsDescordantes
Soundcloud: https://soundcloud.com/os-descordantes
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