#Descubra: uma nova ótica sobre ser negro no Brasil, com Júlio Moura
A primeira palavra de “Rápido Rasteiro” veio com um “puta que o pariu, que vozeirão da porra” muito delicado da parte desta que vos fala. Uma melodia nada óbvia e uma afinação que vai até o mais grave sem semitonar uma fucking vez. Desculpem o excesso de palavras chulas. Mas você vai entender assim que ouvir.
Em seguida, “Luana” com seu arranjo minimalista e aquele quê de Nordeste moderno fez Júlio Moura conquistar naturalmente meu coração. A poesia muito bem feita é o grande astro do EP “Em Frente”, primeiro trabalho solo do artista que narra – sob um ponto de vista delicado – o que é ser negro no Brasil e traz as participações especiais do rapper Márcio Brown e do músico peruano Miguel Gangginie.
A música que dá nome ao EP tem um quê de Demetrius Lulo com 5 a Seco e Lenine. A faixa consegue iniciar com a emoção da sanfona unida milimetricamente a uma guitarra totalmente atualizada e sem cair no “mais do mesmo” de um som regional. Mas é “Nós e a Noite” que faz arrepiar. A canção melancólica destrincha cenários que vão se misturando aos vocais intensamente mansos, em uma sinergia paradoxal e… Linda!
“Pouco a pouco” acelera a pegada, enquanto “Seguir Fazendo um Som” encerra o disco com pequenas distorções, rap e a eterna “busca de tudo que é bom”.
Sério, ouça!
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