Um Cínico Pra Chamar de Seu: House é o Caralho, Meu Nome é Hugh Laurie!

Um Cínico Pra Chamar de Seu: House é o Caralho, Meu Nome é Hugh Laurie!

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Mais do que dar vida a um dos anti-heróis mais carismáticos dos últimos tempos da TV (sim, o Dr. Gregory House), o ator britânico Hugh Laurie mostra que seu talento vai além e lança dois grandes discos e se arrisca também como escritor.

O primeiro trabalho musical se chama “Let Them Talk”, veio em 2011 e traz um repertório rico, composto de regravações de famosos Standards do New Orleans Blues. O segundo “Didn’t it Rain” chegou há pouco tempo, foi lançado em Maio deste ano e, mesmo sendo um pouco mais fraco que seu antecessor, ainda que seja recheado de participações especiais – quase todas vocais. Nele, Hugh ousa enveredar por ritmos como o tango e R&B, combinando elementos sem fugir à regra do blues que se propõe a fazer: cheio de lamúrias, anedotas, histórias cheias de paixão e rompantes de emoções violentas.

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O fato é que Hugh Laurie, além de ser um instrumentista de mão cheia, é também umfrontman carismático e vocalista de muita qualidade, pois não percebemos nele a tentativa clichê de se apoderar de um estilo vocal anterior. Sua voz, cheia de personalidade, dá vida própria às canções e talvez por conta de sua voz não aparecer tanto quanto no primeiro disco, “Didn’t it Rain” possa soar mais impessoal. No entanto, volto a afirmar: é um grande trabalho, com ótimos momentos, como em Vicksburg Blues, de Little Brother Montgomery (que conta com o vocal arrepiante de Taj Mahal) ou em I Hate a Man like you, do imortal Jelly Roll Morton. Acima de tudo, os dois trabalhos merecem uma audição atenta e elogios por proporem um resgate de verdadeiras pérolas do New Orleans Blues.

Já no quesito literário, seu primeiro (e até o momento único) livro chama-se “O Vendedor de Armas” , lançado no Brasil pela editora Planeta.

Claro que vai levar um tempo para desassociarmos sua figura do turrão, cáustico e politicamente incorreto Dr. House, até porque o personagem leva também muito do próprio Hugh, como suas habilidades musicais e também um pouco de sua chatice, como afirma o próprio ator. Além disso, pesa muito também o fato de que foram nove anos dedicados ao personagem e à série.

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Qualidades para superar o seu Hyde?  Hugh Laurie tem de sobra e mesmo que as pessoas comecem a gostar de sua música e de seus escritos primeiramente pelo apreço ao papel do doutor, logo fica evidente a qualidade de seu trabalho longe das piadinhas ácidas e insights do médico mais temido e competente do Princeton Plainsboro Teaching.

Texto publicado originalmente no blog do Jocê.

 

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Escritor, jornalista e editor. Responsável pela curadoria de conteúdo do Jardim Elétrico.

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