Exclusivo: Andreia Mota | Paisagem Invisível
by Di Pietro
Com direção musical de Victor Ribeiro e direção cênica Alessandra Gelio, eis que lhes apresento o espetáculo “Paisagem Invisível” da multiartista Andreia Mota. Sabe quando escutamos um disco repleto de elementos que vão além da música? Pronto! Essa foi a sensação que tive ao ouvir essa obra delicada, mágica e poética da Andreia. Após várias audições, acabei descobrindo que antes de virar álbum musical, “Paisagem Invisível” foi o seu primeiro show solo, no qual uniu duas vertentes da sua formação artística: o canto e a atuação.
Embebida dos ritmos brasileiros e dos compositores consagrados Milton Nascimento, Wilson Batista, Tom Jobim e Guinga, a obra “Paisagem Invisível” é dividida em 13 canções que navegam por ambientes que permeiam entre o samba e o jazz. Mas o carro-chefe é a nítida inspiração no poeta Manoel de Barros que encontramos em várias músicas, como “Aquele Riso – Paisageando” – na qual a cantora declama uma poesia durante quase três minutos ao som de pássaros. Quando vocês ouvirem essa canção, fechem olhos e se permitam entrar nas seguintes entrelinhas citadas por Andreia:
“Já te disse quem sou ela? Meu nome é Andarilha. Eu vim de Barros. Lá das bandas do Seu Manoel. Lá, a gente transver que todas as coisas podem ter qualidades humanas de pássaros. Lá, a gente é alma que poetas podem ter qualidades de árvores. Lá, a gente aprende quem sou gente. Aqui dentro é um rio que transcorre e vai colhendo caminho. Vai passando paisagem, vai paisageando de inventar de sendo também. E uma paisagem nunca acaba. Uma paisagem nunca se desmancha. Paisagem vive de sempre. É como se fosse um monte de desenho. Um desenho nunca se apaga nunca. Eu desenho um em cima do outro. E o outro em cima do mesmo e vou colhendo, inventando, paisageando (…)” Alessandra Gelio, inspirada na linguagem do Manoel de Barros
Depois de toda essa viagem com Manoel de Barros, Andreia finaliza o disco na década de 20 com a música “Boca de Siri” que se assemelha com o chorinho “Odeon”, de Ernesto Nazareth e Vinicius de Moraes, que Nara Leão interpretou como ninguém.
Embora não tenha visto o solo (mas com muita vontade de vê-lo!) que deu origem ao álbum musical, ambos com o mesmo nome, acredito que Andreia Mota retratou bem o espetáculo durante as 13 faixas do disco. Com uma personalidade intensa, ela trouxe uma sonoridade de forte identidade brasileira que se revela de forma universal e bem atual.
Foi mais-que-um presente estrear aqui no Jardim escrevendo sobre essa multiartista Andreia Mota.
Se deleitem!
Até outrora!
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