Exclusivo: Baú Novo

“Sou livre ao menos nesta manhã”

Um pé lá um pé cá, muito respeito e sagacidade, o “Grito” aqui é feito samba e clama por liberdade.

Mais do que um gênero musical, patrimônio imaterial do povo brasileiro, o samba se faz presente em todos os cantos de nosso país, não há onde não se conheça os clássicos de Ary Barroso, Noel Rosa, Ataulfo Alves, Paulinho da Viola e tantos outros compositores da história do samba. Mas, apesar de ser cultuado em todo o Brasil, o samba não é produzido tradicionalmente nos quatro cantos de nossa terra. Antes de Baú Novo entrar em cena, não se podia citar uma banda representativa do gênero em Goiânia. É no ambiente onde se firmou a música sertaneja que o Grito é lançado e, desde então, vem rompendo fronteiras. Formada por dois mineiros, um goiano, um recifense e um brasiliense, Baú Novo é a voz capaz de dar continuidade ao trabalho sério de representar o espírito alegre e batalhador do povo brasileiro. Uma bandeira que Deny Robert,  Katia Helenice, Pedro Jordão, Anderson Vinícius e Waguinho PG erguem com a responsabilidade de representar o símbolo musical brasileiro.

O primeiro EP da banda traz quatro músicas de letras afiadas com mensagens críticas e melodias mescladas de leveza e peso. A paisagem que se cria ao ouvi-las é o dia-a-dia daqueles que levam a coisa a sério, que são contrários aos padrões conservadores, ao preconceito e que são firmes em lutar por sua liberdade. Sim, o samba bem como o conhecemos, o canto de quebrar correntes, de se compartilhar em roda, a voz da humildade. Samba como dita a tradição, não? Porem, há uma renovação presente no conteúdo das letras que dialogam com a vida contemporânea, bem como na elaboração dos arranjos que recebem elementos e cores de outros gêneros.

Seguindo o caminho bem sucedido trilhado por músicos e grupos de São Paulo como Cacá Machado e Metá Metá, o som da banda pode ser enquadrado como samba contemporâneo de qualidade, e é de se almejar que este primeiro álbum seja apenas o começo. Quando abrirem esse baú, verão surgir lá do fundo, sambas tão bons quanto os antigos, mas com tom de novidades.