Resenha: Capim Seco
by Di Pietro
O samba é o caminho, o destino; ele é de eleguá.
O universo da obra está imerso na cultura afro brasileira, desde os ritmos e gêneros musicais, aos símbolos contidos nas letras. A reza, a mandinga e o lamento dão vazão à prece pela felicidade e evocam paisagens sociais, históricas, geográficas e divinas dessa nossa cultura de raiz. O seguir das faixas de “Semba” se assemelha ao desfile das escolas de samba de carnaval onde o samba de roda, o congado, o baião, a ciranda, santos, sinhás e a umbigada são as próprias alegorias.
“eu vou cantar para chamar meu orixá”
É um registro musical contemporâneo que constrói uma ponte com o nosso passado, especialmente o que remete à cultura de origem africana e sua difusão e transformação em nosso continente que contribui imensamente com a riqueza de nossa cultura popular. Mas é samba moderno, com acordes e harmonias sofisticadas, que muitas vezes tem-se as cores do jazz na matéria da canção. Antes de tudo, é belo; as melodias das cantigas de louvor e lamento e a expressão lírica das letras são chaves que nos dão acesso ao diálogo com a cultura e com o espírito desse povo de fibra e de fé, que constitui grande riqueza em nossos costumes e arte.
Capim Seco conta com a presença de músicos especialíssimos que assumem com total perfeição a recriação de nossa música popular. São eles: Gabriel Goulart (violão de 7), Luiz Lobo (bateria), Tiago Ramos (sax), Fábio Martins (percussão), Alberto Magno (baixo), Juventino Dias (trompete) e Michelle Andreazzi (voz). O grupo surgiu no cenário da música independente de Belo Horizonte e hoje é uma importante referência do samba na capital mineira e também no cenário nacional, participando de grandes festivais e relacionando-se com importantes nomes atuais do samba.
Ao ouvinte que deseja estar intimamente ligado às raízes musicais do Brasil, “Semba” é a chave, e por se tratar de nossa memória musical das mais belas e sinceras, ao entrar, há de se sentir em casa.
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