#Descubra a carta de Dan Santos para o mundo

#Descubra a carta de Dan Santos para o mundo

Sexta-feira é sempre um dia especial nos streamings, já que é quando a mágica acontece e música nova chega para fazer a gente feliz. Mas o próximo dia 10 está super especial com a estreia do Dan Santos nas plataformas digitais. A faixa “Carta” faz parte do EP “Entre”, que será lançado até o fim do ano.

Com cordas delicadas, um piano todo especial da Débora Gurgel e aquela melodia/ letra que levam do sofrimento à esperança de que “vai passar”, a canção de voz doce tem um clima terra brasilis requintado e soa bem ao coração. Ela já está rolando lá na Band FM de Minas Gerais e, agora, vai tocar no Spotify mais perto de você.

Dá o play aqui no lyric vídeo para ambientar a entrevista abaixo.

Como começou sua relação com a música?
Meus pais contam que sempre mostrei afinidade com instrumentos musicais (quando me levavam em algum lugar que tinha ou algo assim), mas ativamente mesmo foi aos 10 anos, quando comecei a tocar violão com alguns amigos de meu irmão que vinham aqui em casa para tocar com ele.

Em que momento você parou e disse: “é isso que vou fazer pra viver!”?
Comecei a vida ativa na música com 16 anos, com minha primeira banda de rock. Eu sempre fui muito convicto e genioso – naquela época, eu já levava tudo muito a sério. Na banda, que fiquei até os 19, eu cuidava da maior parte das funções. Além da parte musical, eu passava o dia vendendo shows, criando artes, conversando com os fãs (que mesmo sendo muito novos, já tínhamos uma basezinha de fãs bem legal), enfim, dando o sangue pela parada. Naquela época, eu trabalhava com design, mas já tinha certeza que meu caminho era viver de música.

Hoje, que significado tem estrear um projeto autoral em tempos pandêmicos?
O “Entre” é um EP conceitual e acho que o tema tem tudo a ver com o momento que estamos vivendo. As canções falam sobre olhar pra dentro, questionar hábitos e olhares, dar valor para as coisas pequenas do dia-a-dia – enfim, acho que são discussões que pairam no ar neste momento trágico que estamos vivendo.

O que assuntos como a depressão têm a ver com esse trabalho e processo?
Depressão, ansiedade e diversos outros tipos de complicações psicológicas estão cada dia se mostrando mais presentes e mais discutidas em todos os lugares. Não posso falar com muita propriedade das outras, mas vejo que minha geração tem esse aspecto em comum: boa parte dos meus amigos e pessoas que conheci ao longo desses anos sofrem de algum desses males, inclusive eu. Como as canções nascem no meio disso e têm como temática principal discussões de reflexão, de superação dos medos, traumas e barreiras. De acreditar em si, acreditar que é possível, ter fé, consciência, enfim – diversos olhares que estão diretamente ligados aos pensamentos de uma pessoa passando por um momento desses.

Você fez um jejum no processo do disco, para focar energias no trabalho, certo? Conta mais dessa história e o que você notou de diferente com isso?
Na realidade a produção do disco foi feita dois anos atrás, que também foi um grande processo de maturação artística e musical. Mas o jejum é algo recente, que veio coincidentemente com o processo do lançamento do “Entre”, o que sinto que tem ajudado muito em tudo que estou vivendo.

Vou tentar resumir: ao longo dos anos, desenvolvi uma série de maus hábitos, sedentarismos, falta de cuidado com a saúde. Sempre fui um cara muito preocupado com a parte intelectual, em me questionar nas atitudes, valores, ser generoso, caridoso, entender meus pensamentos, etc. Porém, na questão ME CUIDAR, ser generoso e caridoso COMIGO, eu sempre deixei a desejar. Ao longo dos últimos meses, tenho gastado bastante tempo pesquisando um pouco sobre como funciona nossa alimentação, nossos hábitos, nossas crenças limitantes, enfim, esse tipo de discussão.

Com as pesquisas e a influência de minha esposa, Ana (que é super natural com as coisas), aos poucos fui começando a me alimentar um pouco melhor e criar um pouco mais de consciência sobre o efeito da alimentação no nosso dia-a-dia. Nesse caminho de pesquisa, encontrei o lance do jejum. Diversos profissionais e pessoas adeptas, mostrando diversos pontos interessantes sobre essa discussão e relatos de suas experiências. Desde discussões de como o nosso corpo encara nossa alimentação, do processo de prioridade metabólica e tudo mais, até a reflexão de como nosso corpo foi feito para suportar longos períodos sem alimentação e o imenso gasto energético que damos ao nosso corpo para digestão na cultura atual, impedindo ele de exercer com eficiência diversas outras atividades, enfim. Sem falar nas questões mercadológicas de que é muito melhor manter o povo gastando rios de dinheiro com comida ruim e depois com remédios para tratar os males que ela provoca – é uma discussão longa e boa para um café (sem açúcar, de preferência) rs. Mas não me entenda mal: continuo sendo amante fervoroso do lanchão, churrasquito, cheetos e afins!

Com quem você gostaria de fazer um som?
Nossa, a lista é imensa, mas em resumo: todos que admiro o trabalho, a pessoa! rs De amigos músicos mais próximos, passando pela galera mais nova que sou fã, como os caras do 5 a Seco, Dani Black, João Cavalcanti, até aos grandes nomes que me formaram como músico e me inspiram a continuar estudando e estudando, como Djavan, João Bosco, Chico Buarque…

O que a música representa para você enquanto ferramenta de transformação?
A música é um caminho. Um caminho lindo que traz tanta coisa de bom para nós, que não dá nem pra contar. Ela é uma ferramenta que nos ajuda em diversos pontos de nossa vida: ela nos ajuda na parte social, nos ajuda a superar nossos problemas, nos ajuda a encontrar novos caminhos, nos ajuda a relaxar naquele dia que a gente está puto, mas também nos ajuda a ficar um pouquinho melhor (ou pior, se quisermos) naqueles dias cinzas. Nos ajuda a reviver momentos que vivemos e que viveremos. Serve de trilha sonora para o nosso dia a dia, serve de energia para certos momentos, de calmaria para outros. Enfim, eu acredito que a gente se transforma o tempo todo e a música está presente, o tempo todo, das mais diversas maneiras e formas.

“Carta” é a faixa que abre o fluxo do disco novo. O que a canção diz sobre você e sobre o que se pode esperar do Dan Santos músico autoral?
Acho que, por mais que eu encare essa canção como, de fato, uma carta para mim e para os que vão ouvir, acho que ela mostra um lado meu esperançoso, cheio de fé, cheio de vontade de contagiar as pessoas com essa sensação de que tudo vai dar certo. De resignação, de entender que a vida é dura e isso que torna ela tão bela – e que vida é sofrimento, mas também é amor, é luz. Acho que algo por aí.

Sobre o que esperar de mim? Ah, pergunta difícil… Acho que sinceridade, gentileza, reflexão, poesia, violão, voz, canção, amizade, bate papo, enfim, eu sou isso aí, né?

O que mais você gostaria de contar pra gente?
Ah, que eu estou muito feliz com tudo que o “Entre” já está me proporcionando. Que quero muito saber quem se identifica com as ideias que eu coloquei nas canções, como as pessoas vão ouvir e sentir isso tudo… Que eu estou super inspirado e trabalhando muuuuito pra trazer muita coisa legal pra todo mundo, muita música, muita live, muita entrevista… Que eu cheguei (:

Então, seja mais que bem-vindo!

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Carol Tavares é jornalista. Passou pela MTV, pela Bandeirantes e a hiperatividade levou seu caminho a cruzar felizmente com o Jardim Elétrico e criar a produtora Jazz House. Apaixonada por música, pelo amor, por Alberto Caeiro e por seu acampamento no Jalapão.