#Descubra o balanço de Thales Zagalia
Pare um pouco a pesquisa por coronavirus para prestar atenção a um artista que merece seu play. Focado, Thales Zagalia sabe o que quer e o faz com a leveza de quem tem um caminho bonito pela frente. O artista carioca, que fazia parte do grupo Lisbela, agora segue para o seu trabalho solo com o balanço de Jorge Ben e a graça de Gil. O single “Moça Graciosa” marca o início desta nova etapa, que vai ganhando espaço em meio a pandemia confusa que se tornou o mercado musical nos últimos tempos. Leve alguns minutinhos para conhecê-lo melhor com a entrevista que ele deu ao nosso Jardim.
Em que quadrante do atual cenário musical você vê seu trabalho solo se encaixando?
Essa coisa de “se encaixar” eu acho um pouco limitada. Sou um artista que faço o que gosto de forma livre e espontânea. Tenho muitas referências de artistas que quebraram muitos padrões estéticos que existiam até a época em que eles resolveram fazer algo diferente na virada dos anos 60 pros anos 70. Vejo que tem uma galera, hoje em dia, que bebe da mesma fonte que eu, como o Tim Bernardes (e O Terno), Russo Passapusso, Céu, Curumim… Meu som é pra qualquer tipo de gente ouvir – é assim que quero que ele seja e é assim como eu o vejo e ouço.
Pode contar um pouco da história desse single e por que você escolheu esta música para abrir seus trabalhos?
“Moça Graciosa” foi a segunda música que eu compus na vida, em meados de 2018. Foi numa época em que fui morar sozinho e passava madrugadas com meu violão fazendo acordes despretensiosos e cantarolando melodias aleatórias (mas sempre influenciadas por outras melodias de músicas que eu ouvia naquele momento da vida). Criei uma sequência de acordes, a melodia do refrão ficou na minha cabeça e depois a letra do refrão saiu meio sem sentido. As frases seguintes foram surgindo, pensando no meu relacionamento que acabava de começar. A música tomou mais forma e depois ficou mais sólida. Não achava que seria uma boa música pra lançar de primeira mas tive uma oportunidade de entrar em estúdio pra gravar e ela era a que estava mais pronta pro momento. Parando pra pensar hoje em dia, acho que não teria melhor música minha pra ser o primeiro single.
Que tipo de mensagem você quer transmitir com sua arte?
Eu sempre consumi muita música pela forma que a melodia me toca. Isso com certeza é o que mais me encanta. Sendo bem sincero, às vezes a letra é até secundária quando paro pra analisar o que ouço/já ouvi. Ultimamente, tenho dado mais valor às letras nas composições. Acredito muito que minhas músicas tenham melodias que atigem quem tem que atingir de forma muito positiva e feliz. A música não precisa ser necessariamente erudita e rebuscada pra ser boa. Acredito que, à medida que as pessoas forem escutando meus novos trabalhos, a mensagem que eu quero passar ficará mais clara. Fazer música com respeito e influência dos que vieram antes de nós e falando de tudo que cerca nossas vidas atualmente.
Quem são os amigos que estão te apoiando e de que forma?
Ah, os amigos e amigas que apoiam são muitos. Fico muito feliz por ter ao meu lado pessoas que acreditam no meu sonho e trabalham comigo com muita dedicação e vontade. Tem duas pessoas que são bem especiais nesse single e na produção de quase tudo que tenho feito na música. Minha companheira, Hannah, é quem me escuta em todos os processos e dúvidas que tenho sobre tudo, além de fazer toda a parte de design gráfico do meu projeto. Meu amigo e irmão de vida Zéca Vieira é quem está por trás de toda a produção artística junto comigo pensando na melhor forma de produzir tudo. A lista é muito grande, os agradecimentos deixo pra uma postagem especial no instagram hahaha.
O que te impulsionou ao trabalho solo?
Eu convivo com violão desde que eu nasci. Lembro do meu pai tocando violão quase todas as noites depois que chegava do trabalho. E comigo não é muito diferente. Desde que aprendi a tocar violão, toco basicamente todo dia. Durante muitos anos, fui integrante de várias bandas de estilos variados, mas sempre em conjunto. Mais ou menos na mesma época em que o Lisbela (última banda que fiz parte) encerrou os trabalhos, comecei a escutar muitas coisas diferentes do que ouvia até então. A partir daí, comecei a ter mais relação com o violão e comigo mesmo, produzindo coisas a partir do zero e sozinho. O tempo foi passando, fui amadurecendo (e ainda estou) e me senti seguro e à vontade pra lançar esse meu trabalho no mundo. Sendo mais direto e respondendo à pergunta: foi a mistura de tudo isso que vivi até agora.
Você está chegando de mansinho, mas com bastante força. Quais são os passos que você pensou? O que vem por aí?
Tudo está sendo 100% novo pra mim e estou curtindo demais isso. Estou focando meu pensamento pro lançamento do single, quero trabalhar bastante com ele. Mas, ainda neste primeiro semestre, pretendo ter o meu primeiro compacto já finalizado.
O que mais te inspira?
Muita coisa me inspira. Pensando em música, impossível eu não pensar em Jorge Ben. Com certeza é a figura que mais inspira tudo que eu faço na música. Mas o Rio de Janeiro me inspira, a praia (do Leme, principalmente) me inspira, o verão, o carnaval, minha musa, meus amigos… Tudo isso e algumas outras coisas me inspiram também.
Quem são as pessoas da música, hoje, que te inspiram a seguir em frente?
Tem alguns poucos e bons que vivem me influenciando. A Céu é uma das primeiras da lista. Jeito de cantar que me encanta muito. Acho que daqui a alguns anos vai ser vista como uma das grandes cantoras brasileiras (assim como Gal, Maria Bethânia…). O Russo Passapusso é um cara que me surpreendeu muito. Sempre ouvia falar dele por conta do Baiana System, projeto que não tenho costume de ouvir, mas quando ouvi o disco solo dele, fiquei de cara. Quase tudo que pensei em fazer um dia na música está naquele disco (pena que só tem um disco gravado). O Tim Bernardes é outro que gosto demais. As melodias, forma de tocar, referências da galera das antigas, admiro tudo isso nele. Ah, tem mais gente como Marcelo Jeneci, Marcelo Camelo e Teco Martins (e Rancore), que talvez não escute tanto atualmente, mas são artistas que sempre tenho como influência na hora de compor ou tocar.
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