Dicastanha: A Competitividade e o Companheirismo na Fotografia

Dicastanha: A Competitividade e o Companheirismo na Fotografia

Fotógrafos atuais sabem que atualmente existe muita competitividade na nossa profissão. Além de dividirmos espaço com profissionais formados e qualificados, também lidamos com muitas pessoas que compram câmeras e começam a clicar com muito mais facilidade do que antigamente, e isso tem causado a indignação de uns, e dúvidas em outros.

O mundo da fotografia se expandiu em proporções inimagináveis. Possuímos diversos recursos para executar um registro sem muito segredo, começando pelos smartphones, em que se pode conseguir um belo resultado com um simples “toque na tela”, e muitos tem conseguido resultados bacanas em suas capturas.
Depois deles, vemos a facilidade de conseguir uma câmera digital com boa resolução e que praticamente “faz tudo sozinha”. As pessoas tem me perguntado: “Vou viajar, quero fotos bonitas e não sei fotografar. Que câmera eu compro?” Isso é muito comum. As câmeras atuais compactas ou semi-profissionais permitem que você tenha o mínimo esforço dependendo da função usada na câmera.

Partindo do ponto que você tem hoje, profissionais que fizeram faculdade, milhares de cursos e especializações e que suam a camisa de verdade para pagar as contas e, do outro lado, pessoas que compram câmeras digitais (e percebem um bom resultado), e se auto-intitulam logo de cara, “fotógrafos”: Como lidar com esse tipo de situação?

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Essa pergunta é sempre discutida em fóruns, grupos no facebook e internet afora, e muitos apresentam opiniões revoltados. Eu já “quase fui” uma revoltada. e aí parei para pensar.

A Diana dentro da fotografia: Quando pensei em ser fotógrafa, imaginei que teria que estudar como em qualquer outra área. Eu sabia que era relativamente fácil obter uma câmera seja lá qual fosse, mas também não imaginava a imensidão de informações que existem neste mundo e que como fotógrafos, devemos ter conhecimento sobre elas.
Fui procurar um curso de fotografia básica antes de tomar a decisão de ingressar na faculdade. Através daquele curso eu pensava que teria uma noção mínima de enquadramento e fotometria por exemplo, e que conseguiria registrar pelo menos as minhas ideias. E funcionou. Fiz o Curso Básico de Fotografia na Escola São Paulo, com Melissa Szymanski, com duração de um pouco menos de seis meses, e este curso abriu meu caminho para que eu tomasse a decisão. Com as aulas práticas pude perceber como a câmera poderia me auxiliar no que eu precisava. (A câmera é uma extensão do seu corpo, do seu olhar. Se souber usá-la com sabedoria, poderá criar um universo de fotografias incríveis que falam muito sobre você e o mundo).
Assim, finalizei o curso e entrei na Universidade Anhembi Morumbi. Cursei a Graduação Tecnológica em Fotografia que durou dois lindos anos. Para quem acha que a faculdade serve para aprender a apertar o “botão da câmera”, é bom dar uma boa pesquisada. Aprendi história da arte, grandes Fotógrafos, em quem me inspirar. Aprendi a revelar um filme na “salinha escura”, sobre como são diferentes as áreas de fotojornalismo, fotografia publicitária, fotografia de moda, fotografia corporativa, fotografia still, fotografia em estúdio e por aí vai – e decidir sobre elas. Estudar, estudar e estudar. Passei estes dois anos dormindo 4 horas por noite, pois eu trabalhava para poder pagar a faculdade, e morava longe. Levando assim tirei sempre notas altas, nunca repeti nenhuma matéria e eu e meus colegas Mayla Veríssimo e Vinicius Boson Kairala concluímos nosso TCC com louvor. Para realizar meu sonho. Com muito custo comprei minha primeira câmera semi-profissional (uma Canon T3i) com a ajuda de meu pai, e com ela estou até hoje, mesmo precisando (de acordo com a minha necessidade profissional atual), de comprar uma mais avançada. Mas para quem acha que é fácil, está aí um exemplo, e sei que existem exemplos muito melhores que o meu.

Continuo aprendendo, todos os dias. Procuro ler sempre, me atualizar. Fazer cursos e trocar ideias com outros profissionais. Criar projetos novos, planejar minha pós. Criar cada vez mais experiência, porque eu ainda não estou nem perto de chegar ao topo da carreira.

O que quero é dar um conselho: vendo a questão atual de pessoas que se intitulam fotógrafos, que “pegam seu cliente” porque cobraram R$ 150.00 para fotografar o evento e criam portfólios com fotos de cachorros no flickr: Estudem.

Não é errado querer ser fotógrafo. Nunca! Se este é seu sonho, como o meu e de muitas pessoas que conheço, vá em frente. Seja por hobbie ou profissionalmente. Peça ajuda! Informe-se, pesquise, compre livros, procure um curso. Você precisa entender que o mercado não vai te aceitar com seu orçamento baixo que mal cobre seus custos de vida e suas imagens entregues sem um bom tratamento. O mercado vai te enganar, porque aquele cliente que pagou R$ 200.00 reais pelo book que você fez no Ibirapuera vai pensar duas vezes quando receber as fotos sobre te contratar novamente. Muitas vezes o barato sai caro, e aqui lidamos com a imagem que as pessoas tem de si mesmas, ou até mesmo a imagem que querem ter de si mesmas. Você pode frustar uma adolescente dando a ela fotos com poses ruins de si mesma, pode entristecer o casal que pediu para você fotografar um parto e o médico pediu para a apagar a luz da sala – e você não soube o que fazer. Pode perder o parabéns do aniversário, a entrada da noiva. Nosso trabalho é sério, ele deve ser tratado com carinho e com cuidado. Se você tira fotos apenas porque gosta, bacana! Mas considere isso: se você quer se tornar um profissional, seu trabalho deve ser bom, pois as fotos ficarão para o resto da vida destas pessoas e, se você fizer de qualquer jeito, terá um papel triste nessa história.

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Não estrague o que os fotógrafos sérios construíram. Não trate nosso trabalho como se fosse qualquer coisa, pois, para algumas pessoas, ele ainda não tem valor. Se você quer se tornar um de nós, não estrague o mercado com o seu desespero. Colabore conosco que colaboramos com você.

Não é errado perguntar. Se você tem dúvidas, quer aprender, procure-nos. Alguns fotógrafos são mais fechados, mas também existem aqueles que merecem aplausos.

Quando eu estava começando e não sabia quanto cobrar, perguntei a uma fotógrafa no twitter se ela poderia me ajudar, pois eu não sabia como montar um orçamento coerente. Na mesma hora ela enviou para o meu email todas as planilhas que ela tinha de orçamentos. Meus eternos agradecimentos à Elaine Regina, que mora no sul do país e que me incentivou pela sua solidariedade. E a muitos outros fotógrafos que me incentivaram da mesma maneira. Nossa profissão pode ser cada vez melhor com pessoas como estas.

3(foto tirada com iphone nos tempos em que eu era universitária)

Fotógrafos: Não custa nada ajudar, orientar. Quem nasceu para isso, trilhará este caminho e, caso contrário, encontrará outro a ser seguido. O espaço de quem tem talento sempre existirá e sempre haverá reconhecimento. Ajude, incentive, mostre opções, indique. Não será este que você está ensinando que tomará o seu lugar. Seu lugar está garantido no universo com todas as coisas positivas que você tem a oferecer para a humanidade.

Mas lembre-se sempre: vamos ajudar uns aos outros sem prejudicarmos a nós mesmos.

Um abraço forte.

4(Foto tirada com iphone durante a execução do meu TCC)
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Estuda música desde os 13 anos, desenvolve pesquisa na área da música independente , produtor de bandas de diversos estilos e compositor de trilhas sonoras.