E Foram Julgados Insanos: Leo Middea e a Dança Silenciosa do Mundo
Daqui, onde tudo sangra, ninguém parece tão frio. Nem tão distante. Por entre homens tristes e mulheres fortes, sinto o mundo rodar numa ciranda inexpressiva. Tibethânica. Sim, o mundo dança. A todo instante. E gira. E roda. E baila. Incólume, sob o olhar de tantos. Sabe o silêncio dos inacessos noturnos? Sabe a lágrima do palhaço no camarim? Sabe o amor das meretrizes ao final da madrugada?
Pois é. O mundo dança em tudo o que pulsa, em tudo o que vive. E hoje bailamos, ávidos, sob os cabelos revoltos e o peito feito alvo de Leo Middea. E quem seria louco de não tirar o mundo pra dançar também? Quem seria louco de ficar ausente às primeiras horas dessa particular celebração? Quem não seria um dos piratas dentro da lei que invadem corações em busca de seu público?
Diz, maré!
Desde o Dois, seu primeiro disco, que sambo em silêncio sob os blocos de Leo. N’A dança do mundo, impossível não lembrar de Refazenda, do Gil e Araçá Azul, de Caetano. Ao ouvir a pegada do violão, imediatamente me veio Lenine em Labiata. A mistura de ritmos me sugeriu tanta coisa que foi impossível formular algo exato. Eis um autêntico tropicalista. Se fosse jovem em 68, com certeza faria parte da Geleia Geral Brasileira.
É hora de buscar mais café na cozinha e continuar a resenha. Continuar essa viagem pelo universo brasileiro do moço moreno que quer olhar o mundo de cima e cantar seu movimento, assim como sua paralisia. Mas a capa (sou viciado em capas conceituais) mais uma vez me fez perder o passo. Que sacada! Tiro para um tango de Gardel quem teve a ideia desse recorte fantástico. Nada óbvio e, incrivelmente, está tudo ali e não poderia ser outra coisa.
Tudo vive e se ressignifica. Tudo vibra. Vibramos juntos. Em Leo e sua dança do mundo.
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