Há 1 ano Barro lançava seu primeiro álbum “Miocárdio”
by Renata Luiz
Conhecido na cena musical do Recife, Barro já passou pelo Jardim com o clipe “Vai” e agora volta comemorando 1 ano do seu primeiro disco “Miocárdio”, lançado em agosto do ano passado.
Grande destaque na nova música brasileira, o álbum tem as colaborações de William Paiva, Rodrigo Samico, Gui Amabis, Dengue (baixista do Nação Zumbi) e Juçara Marçal (do grupo de jazz Metá Metá), e a arte da capa foi idealizada por Laurindo Feliciano.
E para celebrar esse ciclo, Barro recentemente fez shows em SP e Rio de Janeiro, e ainda tem muito estrada pela frente.
E claro que o Jardim quis saber como foi esse ano e as novidades que estão por vir, então preparamos uma entrevista exclusiva pra você, se liga.
Nossa, de agosto de 2016 [mês de lançamento do Miocárdio] para cá, muita coisa aconteceu, só notícia boa. Como você está reagindo?
Barro: Bom, toda essa repercussão vem junto com um monte de coisas, que temos que dar conta, não é algo isolado, tem uma complexidade, muito interessante, mas eu estou muito feliz, porque hoje é muito difícil o trabalho tomar uma proporção e conseguir alguma visibilidade, são muitas informações na internet e eu vejo que o “Miocárdio” conseguiu de certa maneira dialogar com várias pessoas e isso abriu portas pra gente ir tocando em lugares que são importantes, então dá uma emoção danada, um sentimento de alegria que é poder estar fazendo o que a gente gosta, que é trabalhar, tocar, criar. Estamos muito felizes com o que está rolando nesse momento e ter uma galera massa em volta do nosso trabalho, nos deixa forte e animados para começar a pensar no que virá adiante.
Aliás, poderia falar um pouco mais sobre o álbum? Como foi o processo de produção, a escolha das músicas…
Barro: O Miocárdio surgiu muito da vontade de querer criar com as pessoas que estavam ao meu redor, meus amigos que foram produtores comigo: William Paiva, Guilherme Assis, Ricardo Fraga, Rogério Samico e Gui Amabis. Mas todas as músicas surgiram do momento, tem uma que eu canto com Jussara Marçal de 2009, mas todas as outras foram músicas que surgiram na feitura do disco, e isso me deu um calor, uma emoção, por ver o que eu estava vivendo sendo traduzido nas composições e “Miocárdio” carrega muito isso, essa urgência de falar coisas e expressar sentimentos que estavam pulsando naquele momento. Então eu acho que e o processo de produção englobou muita gente e muita participação, então foi um disco que deu muito trabalho de fazer porque tinham muitas viagens, vários estúdios e pessoas dando ideias, e muitas vezes eu era apenas a pessoa que organizava o grande fluxo de energia que vinham de todos lados, que vinham acrescentando à massa sonora.
E como é para você isso de atuar como produtor do próprio disco?
Barro: Ser o produtor do próprio disco é algo legal e pode acontecer, mas eu fui produtor com meus amigos e isso lhe acrescenta muita coisa. Sou o cara que fica mais ali pastoreando o rebanho, passando as coordenadas, mas tem muita gente envolvida no trabalho, é uma assinatura coletiva e eu preciso disso para ter mais olhares sobre o meu trabalho. Foi muito rico trabalhar com Gui Amabis, nas 5 faixas que ele produziu ele traz outro olhar para coisas, que eu não enxergava em minha própria composição e visualiza arranjos possíveis, que eu não visualizava sozinho, então na verdade essas figuras somam no processo e são um diferencial, claro que existe o meu olhar e a minha atenção ali, mas no processo de exorcizar as coisas que vem por outras inputs, eu acho que é a mágica no processo criativo em um disco.
Como foi construir esse projeto ao lado desses artistas/produtores/amigos que formam sua banda?
Barro: Nós fazemos parte de um núcleo não oficializado, são pessoas que trabalham juntas, existe um circuito que a gente vem fazendo de produções colaborativas, e eu gosto de produzir junto com outras pessoas, agregar e saber quem pode somar naquela faixa e produzir comigo, então o meu trabalho surge dessa troca que é anterior ao “Miocárdio” e que me deu toda a condição para acreditar que eu poderia fazer um trabalho bacana conectando essas pessoas que já estavam trabalhando comigo e que iam me dar suporte e me dar força para chegarmos em um som que fosse bacana, que eu estava gostando e tinha coisa para acrescentar.
“Miocárdio” ganhou muitos elogios da crítica. Esperava pela recepção que ele teve?
Barro: A recepção é imponderável. Eu penso assim: “faça seu trampo”, e eu procuro fazer colocando as energias que eu tenho, as melhores coisas que eu tenho a dizer e o melhor sentimento que eu possa ter, quando aquilo ali entra no Spotify, não se sabe o que vai acontecer e tem algumas faixas que elas parecem ter uma força, ou as pessoas me dizem que ela tem uma força e eu vou acreditando, mas eu não tenho como receber e ter noção disso. Eu tinha me dedicado muito ao disco e tinha esperado alguma coisa, mas foi bem acima do que eu esperava, eu contava fazer um circuito de shows e de ter espaço na mídia próximo ao que eu já tinha experimentado antes e o “Miocárdio” teve muito mais e eu sou muito grato por isso, e ao mesmo tempo dá uma energia e confiança de seguir em frente e continuar a apostar, se desafiar e seguir nessa trajetória musical que demanda uma carga grande de trabalho e complexidade, e é isso que dá aquele empurrão para o trabalho fluir.
Quais seus planos para um futuro não muito distante? Sei que tem shows de Barro, mas já está pensando no segundo álbum?
Barro: Estamos muito focados para terminar a turnê pelo Brasil, tentar expandir, chegar a mais lugares, conseguir apresentar em novos pontos, esse é nosso primeiro plano e assim rodando o Brasil. Em novembro, vamos para Salvador, Feira de Santana e Vitória da Conquista e eu estou bem feliz, porque tenho uma ligação muito forte com a Bahia musicalmente, e poder me apresentar lá vai ser demais. No fim de outubro sai uma música no disco do produtor italiano S-tone Inc que compus com ele e Tomas di Cunto e que se chama “Vale do Mistério” e também teve a contribuição do Gui Amabis e foi bem massa. E estamos começando a fazer coisas para o nosso próximo disco, já estou compondo e espero que no próximo ano já tenha um single pra mostrar, mas tudo está ainda bem no inicio.
Pra acabar, como você gostaria que “Miocárdio” fosse lembrado daqui dez anos?
Barro: A vontade que eu tenho é que esse disco seja lembrado na música brasileira. 2016 foi um ano muito bonito, com discos massa e ser lembrado como um disco que fez parte desse cenário e também deu um ponta pé na minha carreira, mostrou várias coisas e eu acho que dê certa maneira o “Miocárdio” é um disco que condensa muitas informações, muitas vivencias e muitos desejos que eu tenho. Nele tem um pouco de várias pitadinhas de coisas que posso ir desenvolvendo ao longo da carreira, ora em um aspecto mais concentrado, ora não e isso se evolui e se expandi em outras dimensões, mas é um disco que tem um marco de conseguir agrupar muita coisa e ao mesmo tempo mostrar que ali tem uma pessoa com integridade e que tem uma identidade que perpassa várias coisas e também tem uma densidade, uma raiz forte.
“Muito obrigado pela entrevista foi muito massa!” – Barro
Renata Luiz
De São Paulo, apaixonada por cultura, arte e comportamento humano. Movida a música.
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