Resenha: Juçara Marçal

Resenha: Juçara Marçal

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Odoya, “Agô Yabá, bença mãe”. Salve Juçara e suas raízes africanas! Axé meu santo, que o canto dela é coisa de admirar. Né mesmo, Damião? Carreira costurada com boniteza, desde antes do Metá, Metá.

Poesia pura em cada linha, ora sonoridade oração, ora sonoridade provocação. É essa impressão que tenho quando escuto Juçara Marçal. São mais de 20 anos de carreira de uma veterana que resolveu se renovar. Encarnado (2014), está aí para provar isso. Instigado, cadenciado, ruidoso. O disco é um acerto só, modernoso com aquele pé na velha guarda (dessas coisas acuradas, poéticas, bem feitas).

O álbum conta com a parceria de Kiko Dinucci na guitarra (amigo e companheiro musical de longa data), Rodrigo Campos na guitarra e cavaquinho e Thomas Rohrer na rabeca.

O repertório está primoroso. Tem a Juçara, tem o Dinucci, tem o Rodrigo, o Romulo Fróes, tem Douglas Germano, tem Thiago França, o Gui Amabis e o Régis Damasceno, entre outros. E tem o genial Tom Zé, Siba e o Grande Itamar Assunção. E as músicas nos arrebatam do começo ao fim. Canções lindas como Ciranda do Aborto, Canção Pra Ninar Oxum, Damião, E o Quico. Enfim, o disco é um barulho nervoso e pujante, dá vontade de colocar em looping eterno.

Juçara diz que esse é um disco que fala sobre morte, eu ouso dizer que é contrário é quase um renascer cósmico. Nessa vida que a gente morre e vive todos os dias, é de uma sorte poder encontrar alguém que exprime de forma tão forte o canto que, por vezes querem esconder.

Encarnado em mim, nas minhas linhas, na minha vontade de te mostrar para o mundo. Ô Juçara, só queria te dizer que tua voz aguça meu bem querer, mexe com a minha cabeça, muda minha condição de apenas escutar por escutar. Eu ouço tua música, eu vivo a dor da tua música, eu sinto teu jeito reza, teu jeito feroz, voraz. E por fim, e não menos importante, sua simplicidade que emociona.

Não me resta outra coisa a não ser dizer, muito obrigada!

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Day, louca sem ponto nem vírgula, aventureira na escrita, engajada nos rolês poéticos, costuma ser atropeladora de caô e, vive sempre na montanha russa.

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