Resenha: Juliana Perdigão
by Di Pietro
Da capa, a lente que de longe mira o horizonte, as nuvens e o voo reto de dois pássaros já serve de vista para decifrar o primeiro passo solo da mineira Juliana Perdigão.
Em parte porque revela a aventura da clarinetista pelos emaranhados da voz, sob a crença de que se deve dar luz à canção e apropriar-se dela, enquanto cantora; ou, mais precisamente, intérprete.
Em outra parte porque o horizonte, as nuvens e o voo reto dos dois pássaros representam também os elementos descobertos e incomuns que compõem as 13 faixas do disco, todas elas nascidas das mãos, mentes e corações de uma série de compositores mineiros e paulistas, formando aquilo que Juliana chamaria de um disco “República do café com leite”.
Daí o espírito de “Álbum desconhecido”, desbravador, plural, aberto, arranjado com a sensibilidade e a especialidade de cada um.
Entre “Perdigonzer”, instrumental de Flávio Henrique que abre o disco ao melhor estilo James Bond, e Hortelã, verde, leve e jazzística, faz-se verdadeira a afirmação de que “cada voz tem um tom” e “cada vez tem um som”.
Nomes como Makely Ka, Pablo Castro, Rômulo Fróes e Tulipa Ruiz formam a seleção responsável pela composição das músicas do disco. Um convite ao ouvido que transcende o encontro com uma bela voz e chega ao papel de ser uma ponte para diversas faces da MPB.
Desfrutem e façam do “Álbum desconhecido” um velho conhecido.
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