Resenha: Ligiana Costa
by Di Pietro
Uma obra cuja unidade se dá pela soma de seus contrastes: o erudito e o popular, a música de raiz e a contemporânea, o regional e o universal, a fala e o silêncio, a cidade e a floresta.
O álbum é um recorte musical da América, rico em referências de diferentes culturas, com gêneros e estilos diversos elaborados no corpo de cada música como no decorrer de todas as faixas. Entre o jazz, o samba, a salsa, os toques de candomblé, o boi maranhense, o rock psicodélico, e outros, pinta o poeta. Um vasto território e suas personagens. A cidade e as raízes da floresta. Letras de intensa veia poética em melodias que encontram um novo caminho para o canto. Cada música um canto da América, cada canto um retrato do mundo, traçado por um lirismo forte e sincero, ouve-se uma voz guerreira e corajosa que se projeta através da canção.
Ligiana Costa é cantora, compositora e musicóloga, tem grande bagagem musical e forte inclinação para experimentar a junção do erudito e do popular, do já feito e do novo, do belo e do desafinado, do silêncio e do barulho, por isso “Floresta” nos surpreende com ambientes sonoros que nos causam estranhamento, como em “Despertar” e “Esmeralda”, ao mesmo tempo em que nos conforta com sua suavidade, como em “Vem a tempestade”.
Produzido e arranjado pelo premiado maestro Letieres Leite, o álbum conta com um trio base (baixo, bateria e piano ou guitarra) que por vezes ganha o acréscimo do quarteto de cordas e do naipe de madeiras da Orquestra Sinfônica da Bahia e também de sintetizadores, o que garante ao arranjo de cada música uma cor única, recriando devido ao seu leque de referencias, expressões musicais que transitam pela tradição de diversos países americanos. Resultado de fusões de influências musicais que muitos dos grandes nomes da nossa MPB obtiveram com grande sucesso e que caracteriza o nosso espírito musical.
A “Floresta”, o silêncio em meio ao caos urbano, não é a grande extensão verde que conhecemos, suas raízes esperam sob o asfalto e seus ramos afloram no peito de quem tem “o dom da primavera” e gasta a sola no asfalto, de “quem cultiva carros e flores”, como quem se lembra da avó. A “Floresta” é a renovação da tradição.
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