O Barulho Bom existe e é Robson quem faz
Todas as vezes que o universo se refaz – dia após dia – e vai reformulando o mundo, mergulhamos para dentro de outro lugar: o nosso próprio canto. Nele, conserva-se o que há de bom de dentro para fora. Seja casa, boteco, abraço, cheiro, toque, passagem, seja como for. Pela música, Robson mostra que é possível esse mergulho com Barulho Bom.
Violão nas mãos, transformando solidão em solidez, começa aquele timbre que lembra descanso, amparo. Com habilidade de maestro de si mesmo, arranja o instrumento ao mesmo tempo em que a mão direita incrementa os toques do piano, dando início a harmonia. Ele canta que “toda vez que chove há um barulho bom”. Os estudos em piano clássico, aos 12 anos, moldaram o cantautor que fala da chuva como se preservasse uma amiga, uma esperança.
A voz grave e contínua se confunde com lamento de quem viveu, de quem caiu e se deixou levantar pra contar essa história. Além do jeito maravilhoso de dizer as palavras como bom alagoano de sotaque carregado e particular. É calmo nos gestos, preciso nas notas. Robson tem a cadência do barulho da chuva, mistura as gotas e as notas, faz a sinfonia com o mundo.
Tecladista talentoso, Robson nunca abandonou o canto, muito menos a composição. Em 2015 iniciou o processo de gravação de um álbum solo, com influências na Música Popular Brasileira. A produção musical ficou a cargo do alagoano Ricardo Lopes e o disco conta com a participação de músicos renomados, como o maestro Almir Medeiros, Dinho Zampier e Carlos Bala. O álbum, intitulado “Lar do Viajante”, tem o lançamento previsto para a segunda metade de 2016. Neste trabalho, Robson traduz em música: pessoas ao seu redor e momentos vividos pelo próprio autor ou por alguém que faz parte de sua rotina.
A música encerra. Mesmo melancólica, se torna lugar de paz, de afago. O que Robson faz é muito simples: ele traduz os sons bonitos que a vida entrega, coloca em música e te convence que essa faixa é um barulho excelente, nada menos que isso.
Mariana Borba
Mariana é de gêmeos, capixaba e jornalista, não necessariamente nessa ordem. Está em dúvida se gosta mais de ler ou de escrever. Espero que nunca descubra.
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