O que é que há além do muro do meu quintal?

O que é que há além do muro do meu quintal?

Para além do muro do meu quintal, é um verso do poema “Noite de São João” de Alberto Caeiro, e dá nome ao primeiro álbum de Fred Martins a ser gravado na Europa. Deve estar ai o além-muro do quintal, se aventurar e gravar um álbum fora do seu país natal, sair da sua zona de conforto.

A gente tem  sempre a mania de querer correlacionar tudo o que ouve, e com o Fred (para mim) não foi diferente.

Apesar de mais experiente, me lembrou e muito, em “Terra dos Sem Fim” o músico Zé Manoel, onde  só se sente a leveza da voz e um piano marcante.

É possível perceber também uma semelhança com o sambista baiano Batatinha, em “O samba me diz” e “Sem Aviso”, com um violão em compasso de Bossa-nova e letras que falam sobre  a tristeza e sobre o amor.

Observem como o diálogo entre os dois pode ser traçado:

anda
tira essa dor do peito, anda
despe essa roupa preta e manda
seu corpo deslembrar…

(Fred Martins/Francisco Bosco – Sem Aviso)

 

Quebrei do peito a corrente

Que me prendia à tristeza

Dei nela um nó de serpente

Ela ficou sem defesa…

(Batatinha/ Lula Carvalho – Conselheiro)

Mas não são só de semelhanças que vive este álbum, Fred consegue estabelecer uma conexão entre a música  nordestina e a moura, misturando elementos como o acordeon a percussão característica árabe, além de conseguir ser plural, indo do Reggae à Bossa nova.

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Tenho cara de Humanas mas sou de exatas. Um daqueles músicos de sofá que nem a mãe aplaude. Apaixonado por chorinho e Super Nintendo, as vezes se arrisca a escrever a sobre música.

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