Resenha: Radiolaria

Resenha: Radiolaria

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Preaqueça o forno a 200° e coloque a água para esquentar. Enquanto o pão de queijo não assa e o café tá passando, tome aquele gole daquela cachacinha mineira que você tem em casa e preste atenção: tá na hora de escutar a Radiolaria. Banda lá das Minas Gerais, tão gostosa de escutar quanto comer doce de leite direto do pote.

Em uma tarde gostosa de um dia de semana em São Paulo, conversei por telefone com Felipe Barros, que estava em Belo Horizonte, sobre Vermelho, disco de estreia da banda, que também conta com o tom de Felipe Xavier, Wagner Costa e Luiz Eduardo Lobo. “Começamos lá no colégio, tocando no intervalo e em festa de amigos. Depois a coisa foi ficando séria e deu no que deu”. O clichê que deu, deu mais do que certo. Vingou!

Agora que aquele trago da cachaça já desceu, o pão de queijo já saiu do forno e o café já está na xícara, tá na hora da festa! Vermelho tem 12 canções ineditas escritas pelos Felipes, amigos há mais de 20 anos, Tito Campos, ex-integrante do grupo, e os pitacos de todos os amigos. Barros comentou que o nome do disco remete a virilidade, paixão, emoção. Tá certo, é isso mesmo.

Porém e Radiolaria, da onde veio? Fui lá eu pesquisar e descobri que não tem a ver com o som dos caras. O significado é uma viagem. São protozoários ameboides unicelulares que dão origem a esqueletos minerais intricados, geralmente com uma cápsula central que divide a célula em porções interiores e exteriores (endoplasma e exoplasma, respectivamente). Oi? Você entendeu? Então me explica… Só sei que os radiolários (nome dessas coisas esquisitas) também são bem-vindos para referirem-se aos meninos da banda.

Barros comentou que só foram descobrir este significado bem depois de compor a banda. “Achamos demais”, brinca.

Acabou o pão de queijo, o café já esfriou? Volta pra cachaça.

Não tem como falar que o som dos radiolários tende à MPB, samba, rock, rumba, circo, Minas Gerais ou Brasil. Parafraseando Felipe Barros: Música é música, não tem que ser rotulada, tem que ser sentida. Este escritor que aqui vos fala sobre música, apoia.

Falando em sentir, quando recebi esta delícia por e-mail fui direto naquilo que mais gosto, o encarte, que em nada lembra a cor vermelha. A impressão que tive foi que este é o brasão dos caras, fazendo com que o rádio ao centro seja o principal difusor de boa música, fazendo as pessoas sentirem diversas sensações como a delicadeza da borboleta, a beleza das rosas, o ardor das pimentas, a força do cavalo, a brutalidade da arma e o gosto delicioso de um beijo

Escutando todas as canções, a impressão que se dá é que o disco se quebra na troca de faixa ditando o ritmo das nossas emoções. Emoções estas que cada um há de sentir uma diferente. Radiolaria me levou para a Castelo Branco, a caminho do meu Mato Grosso do Sul, onde imaginei encontrar minha família e amigos.

A música nos leva onde nem sempre pensamos em ir. “Música é sentimento, é coração”, disse Felipe.

Depois de 12 tipos de caminhos diferentes, resolvi seguir o meu favorito: Tango.

Qual seu melhor caminho?!

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Filho de chocadeira. A ovelha negra da família! Perdido há mais de três anos em São Paulo! Jornalista por formação. Fez cinema pra ver no que que dá. Não deu em nada. Trabalha com rural mas é na música que está seu deleite. Não sabe tocar nenhum instrumento, mas finge que é uma beleza.

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