Resenha: Matheus Brant | A Música e o Vazio no Trabalho
PRA FICAR REPLETO
Quando me deparei com o título do projeto líteromusical de Matheus Brant, passou um longa metragem no meu coração.
Recordei dos dias frios naqueles lugares quentes e apertados que eram os escritórios sem clima e cor que trabalhei.
Recordei do vazio que me era cultivado por um aparelho devorador chamado Estado.
Recordei das vozes que me pediam pra continuar sofrendo em prol de uma causa maior que até hoje não consegui compreender qual é.
“A música e o vazio no trabalho”. Que título! Eu nem precisaria ouvir o disco ou ler o livro (sim, como disse, é um projeto líteromusical e Matheus também produziu um livro sobre o assunto) para entender que minha identificação seria total. A produção de Matheus se encontra com a minha. Recentemente lancei meu primeiro livro de crônicas e poesias que tem como temática principal o vazio que é abastecer a máquina do Estado sendo mais uma pequena engrenagem para que o movimento aconteça, tudo regado às ramificações deste vazio, qual a perca da delicadeza e do olhar sobre as desatenções do cotidiano.
E Matheus Brant, entre o violão e o Vade Mecum, veio para dar voz à quem pede por alento, como o trecho da brilhante “No surprises”, do Radiohead, bem diz: “They don’t speak for us”. E eles não falam mesmo.
Nós somos. Eles estão.
Influenciado pelo pensamento da filósofa alemã Hannah Arendt que defendia um conceito de “pluralismo” no âmbito político e graças a isso, o potencial de uma liberdade e igualdade política seria gerado entre as pessoas, Matheus criou uma análise crítica profunda utilizando de sua formação acadêmica e de sua alma de artista para dizer as coisas que não cabiam na técnica e sufocavam seu peito tão cansado, que o fez criar pérolas da sociedade atual, como a canção “Sustenta”.
Apenas ouçam a música de Matheus sintam-se repletos.
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