Rolo Elétrico: Stay

A humanidade desenvolveu diversas formas de se comunicar além da fala e do gestual. Códigos aos poucos foram usados e interpretados corretamente e levaram todo a população a estar continuamente interligada.

Mas através de quais códigos você consegue transmitir o amor e a vontade de não perder os momentos ou a vida de quem mais ama? Em Intrerstellar, a obra-prima sci-fi de Christopher Nolan, mesmo que os sentimentos ainda fique por cima do contexto físico/científico, é tudo tão perfeitamente atrelado, como se estes dois viés pensativos se completam e são intrínsecos.

Você é um engenheiro e piloto espacial, mas ama ter sua própria fazenda e cuidar dela para que a alimentação que produz-consome seja natural e não dependente. No entanto, uma praga ainda não descoberta mas caracterizada por tempestades de areia, ameaçasse toda a comida! Você percebe que o mundo está se transformando em algo prejudicial à população global, à ele mesmo.

Então, por intuição e sem querer (o acaso é também responsável por muitos momentos certos ou errados), ele encontra um grupo de cientistas da NASA liderado por um ex-professor seu e que pretende colonizar planetas para que as pessoas da Terra encontrem um outro lar. Esse lar claro, contendo os elementos e matérias-primas básicas para a sobrevivência da nossa espécie. Mas este “lar” custa caro. Custa tempo e este tempo é grande. Baseado na viagem entre buracos de minhoca em que você pode perambular entre galáxias dobrando o espaço-tempo pegando uma espécie de atalho (obrigado O Enigma do Horizonte por me explicar previamente), e claro, baseado na Teoria da Relatividade de Einsten. Ou seja, o tempo não é absoluto, ele muda e é diferente em várias referências. O tempo que passa aqui na Terra não passa da mesma forma para outro referencial em movimento em relação à mesma. Então, ao viajar para outras galáxias, mais além, você está ambientado a um tempo que pode sofrer dilatações, passar mais devagar.

Neste caso, Coop, o nosso destemido engenheiro e piloto decide deixar os filhos para completar a missão de buscar outro lugar para eles, para todos. Olhe, esse “deixar” que utilizei não foi no sentindo de abandono. Não havia outras opções. Ou abraçava a desgraça que o mundo estava prestes à sofrer, se limitando ao desespero ou ligava a chavinha do “quero mudar” e partiria rumo a planetas de água, nuvens de gelo e rochas.

Aliás, é de cair o queixo o quão lindo parece ser o universo por este filme. E o quão assustador também. O primeiro filme que retrata verdadeiramente o espaço e o seu vácuo. Aliás, há quem diga que Interstellar foi no vácuo de 2001, a revolução cinematográfica e fantástica de Kubrick. Bom, pare de ser este “falso admirador” de cinema. Não vão ver o filme querendo um 2001. São diretores e filmes com suas próprias vertentes e visões, independente das referências. É tão difícil assim separar as coisas? Eu preferiria que fosse mais fácil, que os debates sobre o que Nolan (baseado claro, nas teorias do astrofísico Kip Thorne) analisou e expressou sobre as viagens inter espaciais fossem menos acintosas. É um filme fantástico e até mesmo pro Nolan, todos os filmes que sempre existiram e vão existir, têm seu nível de descrença.