Rotações: César Lacerda
by Renata Luiz
Um pouco de tudo. É isso no que procura se transformar o músico César Lacerda. Morador da cidade do Rio de Janeiro, ele é natural de Minas Gerais e estuda se mudar, em breve, para São Paulo. César é um cigano e naturalmente consegue atribuir conceitos adquiridos ao longo de seus caminhos ao seu trabalho. Com uma musicalidade variada, seja por convivência com a música desde pequeno ou pela sua própria formação, detém uma qualidade multifacetada.
César lançou o disco Porquê da Voz em 2013. A música homônima que inicia o desenrolar dos 38 minutos de canções mostra de forma evidente a sua paixão pelo que faz. As participações de Carlos Posada e Lenine só confirmam o que já foi exposto sobre César: ele é complexo. No entanto a complexidade não está na dificuldade de se expressar na música, muito pelo contrário: a complexidade de César está nas suas variações, pois a simplicidade da doçura de sua voz comunica muito bem – voz que passeia suavemente pelas letras precisas e talentosas.
Em Setembro, lançou dois videoclipes de faixas que estão presentes em Porquê da Voz: Simone de Santarém e Herói, ambos de uma produção certeira. O primeiro traz César encarnando a personagem de sua canção, travestido, brincando com cores e luzes. O outro mostra o músico em uma situação que poderia ser cotidiana, em vagões e na estação de trem, se não fosse pelas intervenções do que parece a projeção do seu ser íntimo.
Com base em todas as referências de César, fica aqui seu “depoimento” sobre qual foi o disco que teve participação marcante em sua vida e que foi, para ele, uma descoberta incrível, assim como ele próprio é para nós que apreciamos boa música:
Há 11 anos, eu ganhei de aniversário uma grana da minha tia Jandira e resolvi comprar uns discos. Eu colecionava vinis à época e sempre ia à Galeria da Praça 7 em BH para comprar alguma pérola. Nesse dia, por indicação de um amigo decidi comprar também uns CDs e levei o “Kid A” do Radiohead. Minha vida mudou completamente já na primeira escuta! Lembro de ouvir esse disco sem parar por uns seis meses! A descoberta daqueles sons, daquele universo sombrio e completamente novo… Lembro de passar horas ouvindo o disco, completamente imerso e hipnotizado pelos desenhos do Stanley Donwood naquele encarte.
Na mesma sacola que veio Kid A, veio também o “Ventura” do Los Hermanos. Mas essa é outra história…
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