Rotações: Gustavo Prafrente

Rotações: Gustavo Prafrente

Uma pergunta no mínimo amedrontadora: qual o álbum que mais me influenciou na carreira? Poxa eu nem tenho carreira direito, e preocupo agora em não resumir a resposta a algum álbum que eu gostei muito ou que eu gostaria de ter feito. Lembro que comecei tardiamente a ouvir discos inteiros com uma determinada seriedade, olhando para eles como algo em si e não simplesmente o lugar onde eu achava as músicas que eu queria ouvir, isso deve ter sido perto de 2003. Eu fiquei primeiro achando que não ia dar conta e que no final iria forçar a barra, mas naturalmente a resposta foi se revelando. O disco que mais me influenciou até então, passa muito mais pela postura existencial dos autores do que por qualquer característica sonora/musical que o disco tenha.

Seria uma influência mesmo a respeito de como encarar a vida e a vida de artista. Mas eleger essa influência também não seria legítimo e a verdade é que o álbum se escolheu e se revelou. Ao longo dos últimos cinco anos, esse disco apareceu em diversas situações e o dividi com pessoas incrivelmente especiais… A primeira vez que ouvi não me lembro… Mas já o freqüentei temporadas tanto em vinil quanto em cd, mp3 e streaming, só não em fita K7. Double Fantasy – John Lennon & Yoko Ono. Cara, uma história de vida, muito amor e entrega, tipo a real, chegar chegando, pá-pum. E o cara morreu logo depois, no fim das contas, esse disco concentrou tudo que eles precisavam fazer antes de se separarem, e pra mim esse é o lance: viver com quem se quer viver o que há de ser vivido antes de morrer.

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De São Paulo, apaixonada por cultura, arte e comportamento humano. Movida a música.

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