Senta aqui, pega a melodia e engole!

Senta aqui, pega a melodia e engole!

“A gente tem que perder tempo sim!” Essa é uma das lições que aprendi escutando Todos os Caetanos do Mundo. Há algumas semanas a banda mineira embala meus trajetos rotineiros e, através de dez faixas cheias de encanto, meus ouvidos têm sido receptores de música atual de qualidade. Tudo sob influência de feras da MPB, como Caetano Veloso, Erasmo Carlos e Arnaldo Antunes.

O grupo que nasceu em 2009 e inicialmente era um projeto inspirado nas obras de Caetano, hoje tem mais identidade do que nunca. Esse ano lançou seu primeiro álbum recheado de melodias autorais que combinam brasilidades com um pouco da ousadia do rock e composições sobre a vida e as relações.

A participação de Arnaldo Antunes fortaleceu a canção que deu nome ao disco, tanto pela combinação de timbres vocais, quanto pela poesia da letra. Mas o toque especial, a meu ver, foi a canção Là-Bas, composta em francês e cantada com leveza por Júlia Branco.

Como um todo, o repertório envolve propostas criativas e letras inteligentes. Sempre achei que além de entreter e encantar, a música é uma excelente professora. Nela encontramos um depósito cheio de experiências, urgências e sentimentos transmitidos através de quem está por trás das melodias e letras. Deve estar aí o verdadeiro encanto.

E de tantas verdades que costumamos esquecer, essa foi cantada por Todos os Caetanos do Mundo com sensibilidade: o tempo escorre. Ele surge ao despertar de cada manhã, junto de novas possibilidades, e se esvai nas últimas horas do dia. O perdemos quando economizamos nossa voz e, também, quando deixamos de lado nossas próprias necessidades e emoções.

Penso: ao calar nossas verdades acreditando cegamente que pouparemos tempo e sofrimento, perdemos mais do que podemos imaginar. E se o tempo pra dizer é curto, que a gente aproveite cada segundo vivendo o essencial, dando voz aos sentimentos, sem nhem-nhem-nhem, e deixando de lado aquilo que não nos serve mais.

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Raquel Fagundes é escritora, Jornalista e amante das palavras. Está só de passagem se equilibrando entre raízes e asas.

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