Resenha: Thaïs Morell
by Di Pietro
Ao iniciar minha busca de saber quem era e de onde veio Thaïs Morell, o que mais me aparecia eram textos da gringa. Notícias da gringa. Não que não achasse infos e entrevistas em português. Mas sentia que ao ouvir seu trabalho eu já teria uma viagem por diversos países.
E não é que estava certa?
Por conta da música, seja no quesito estudo ou de shows, esta curitibana desde pequena sabia que seu destino (e o seu querer, amém!) era mostrar muitas das suas ideias e da sua voz através da música. Apreciando e conhecendo durante seus tempos de estudo música de vários estilos, não foi surpresa ir para fora do Brasil para [se] encontrar, sugar e redescobrir mais de outros ritmos. Devido a toda esta mistura, integrou grupos de MPB, soul, rock’n’roll, samba, música contemporânea erudita, música folclórica tradicional de povos dos cinco continentes, bossa-nova e jazz. E claro que dentro de toda esta mistura ela foi compondo o que encontramos em seu trabalho intitulado de Cancioneira.
E que voz linda! Desde a primeira música ela já te instiga a prestar atenção que vem bastante mistura por entre as 12 faixas (sete canções, música e letra; uma composição com a Ana Larousse – Pra Viver Mais Lento; e uma parceria com o Otto Nascarella e Bruna Buschle – Pindaíba. E os três temas de folclore: um de Gana, um da Argentina, e um que mescla um tema brasileiro com um tema finlandês).
Não apenas a influência musical vindo de várias partes do globo. Mas sim a sua bagagem musical que se formos pesquisar a fundo [e um pouco citada acima], vemos que não é pouca coisa! Ela realmente te faz sair daquela zona de conforto que muitas vezes acontece no meio musical, onde tudo acaba parecido com todos. E sua bagagem não aparece apenas espelhada em suas letras e arranjos bem construídos; também em sua participação tocando guitarra ou fazendo às vezes na percussão. Além de professora de música e compositora, é multi-instrumentista e passeia entre o violão, piano (este desde os 9 anos), pífano (flauta de bambu), pandeiro e vários instrumentos de percussão.
O nome Cancioneira vem bem a calhar para esta cantora que além de estudar e/ou fixar residência em Gana, Finlândia e Espanha (onde foi gravado o disco), participou orquestra étnica Bayaka onde gravou 3 álbuns e do grupo Risoflora onde gravou outros 2 álbuns (ambos com vídeos, letras e infos na internet… e digo, vale super a pena procurar e ouvir!).
Não é apenas o trema na letra I de seu nome (repararam?) ou passar de Morellato para Morell que fez partes de suas mudanças. Como ela disse em um depoimento “(…) senti que finalmente era o momento de registrar as minhas canções, pois eu conseguiria dar outras visões ao meu próprio conceito de MPB”. Mudanças de vida que ela consegue perfeitamente nos mostrar neste trabalho.
Em uma das faixas ela diz que “fui devagarinho conquistando uma flor”. Posso não ser a flor da história, mas com certeza conquistou. E foi bem rápido!
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