Loyce e os Gnomos – O despertar dos Mágicos 1969

Loyce e os Gnomos - O despertar dos Mágicos  1969

Este disco entrou por acaso em minha vida, e por acaso também saiu. Lembrei faz pouco tempo dele e resolvi colocar na coluna pois pouca gente conhece, e acho importante a divulgação dos lado b brazuca.

Ao buscar informações, pouca coisa de aproveitável se encontra. Inclusive, até a origem do grupo entra em contradição. Na pesquisa, encontrei este texto do livro Lindo Sonho Delirante, que fala da psicodelia brasileira.

Tudo relacionado a este misterioso combo do interior de São Paulo é nebuloso, já que o grupo sumir completamente da cena musical depois deste compacto duplo lançado em 1969 pelo pequeno selo Do Ré Mi. Alguns dizem que a banda surgiu em Ribeirão Preto, mas na realidade, eles vieram de Limeira, onde praticavam uma sonoridade totalmente em sintonia com o rock psicodélico e de garagem norte-americano, mas com uma peculiar pegada tropicalista.

Em 1969 não havia nada aqui tão pesado e brasileiro como “Era uma nota de 50 cruzeiros”. A tosca e poderosa distorção da guitarra do jovem Fael deixaria Tony Iommi e Ron Asheton mortos de inveja. Num certo momento, o tema se torna uma fusão de microfonia e percussão violenta. Talvez o maior nugget garageiro da América do Sul. “José João, ou João José” vai no caminho oposto, pois é uma balada folk com voz ingênua. Aliás, essa era o tema que o grupo apostava para estourar nas rádios, tanto que a canção foi mencionada com destaque na contracapa, que incluía também um agradecimento especial a Tom Zé. Em “Que é Isso?”, a guitarra fulminante de Fael volta com ímpeto no estilo Hendrix. “A jardineira Querida, ou coletivo” marca o fim da orgia psicodélica com um Hammond charmosamente desafinado.

O fato de contar, também, com uma capa de dez polegadas, deixou “O Despertar dos Mágicos” ainda mais colecionável, pois é pouco usual uma banda lançar um compacto de sete polegadas dentro de uma capa de dez polegadas.

 

Bom, a resenha estava pronta, portanto, vamos para a cerveja que interessa mais.

Para este disco, pensei em uma cerveja bem exótica, confusa e um tanto surpreendente, tal qual este disco fantástico. Então encontrei a Voodoo Bacon Maple Ale, da Rogue. Uma cerveja forte, pesada, com gosto marcante e aquela lembrança boa do bacon. Mas não se assuste, o sabor do Bacon não é pelo bacon, em si, mas pelo malte defumado utilizado na receita. Vale cada golada!

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Pedro Cindio - Jornalista narigudo, músico frustrado e apaixonado por música, tenho um toc de só escutar discos completos. Cervejetariano e feio, mas meu humor salva a aparência.

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