Mês da Criança – Pra Gente Miúda 1985

Mês da Criança – Pra Gente Miúda 1985

Outubro é o mês das crianças. Desculpe essa introdução ridícula, mas sempre quis iniciar um texto falando de outubro assim. Vontade feita, vambora.

Nem todo disco para crianças é, necessariamente, infantil. Para quem gosta da música pela sua essência e não apenas a poesia, a parte infantil que tivemos (e ainda temos) é um universo maravilhoso. Particularmente sou apaixonado por músicas infantis. Acho a inocência das palavras algo que temos de maior pureza dentro de nossa cultura.

Para este especial de outubro, selecionei  quatro discos infantis que podem agradar também as crianças “mais grandes”… Sem esquecer, claro, da cerveja para acompanhar. É  a essência desta coluna.

Pra Gente Miúda foi um disco lançado em 1985. Escolhi este disco justamente pelo ano, do meu nascimento.  É uma coletânea de vários artistas brasileiros interpretando poesias de Vinicius, Toquinho, Chico…

O disco abre com a famosa O Pato. “Lá vem o Pato, Pato aqui, pato acolá”. Quem não conhece esta introdução? O curioso desta versão é que, justamente para este disco, a Philips (gravadora) chamou o dublador brasileiro do Pato Donald para cantar junto com o MPB 4, que interpreta esta canção. Ficou um tanto engraçada, típico do MPB 4 cantando para crianças(o próximo disco desta coluna entenderá melhor).

A sequencia é da música que ficou mais famosa deste disco. Aquarela, do Toquinho. Inúmeras propagandas de televisão, rádio, programas usaram essa música. Uma poesia maravilhosa e um violão lindo, sequenciada por Corujinha, interpretada pela Elis Regina. Interpretação linda, melancólica da pimentinha. De arrepiar.

A Pulga, poesia de Vinicius e interpretada por Bebel é um tanto engraçada. Ao final, falando tchau em três idiomas, confesso que demorei pra entender que ao final era em alemão. Fui descobrir depois de grande mesmo.

O disco segue com Hollywood, interpretada pela Lucinha Lins para o filme O Saltimbanco Trapalhão. O riso do Zacarias e do Mussum nesta música é de chorar. A poesia e Vinicius para O Ar é lindamente interpretada pelo Boca Livre.

“Quando sou fraco, me chamo brisa, e se assovio isso é comum

Quando sou forte, me chamo vento. Quando sou cheiro, me chamo pum”.

 

O lado B do disco a escolha de Ney Matogrosso interpretando Galinha d’angola rendeu até um clipe (link – https://www.youtube.com/watch?v=-UXgupfCAzA) . Clip bem legal, certamente naquela época era uma baita tecnologia.

Lucinha Lins volta ao disco para a interpretação de A Bailarina. Piano maravilhoso neste som e com a voz tão suave que nos faz apaixonar.

Moraes Moreira vem com A Bola. Bem engraçada e uma mistura de baianidade com carioquês (se é que essas palavras existem). O final é bem bacana, cantando que após o jogo ninguém lembra da bola. Fiquei triste por ela um tempo.

O Elefante, interpretado pelo Robertinho de Recife, lembra muito Dire Straits. O timbre da guitarra é sensacional e ainda as crianças que cantam a música avisam, “essa guitarra grita muito mais”.

Chico Buarque vem com O Caderno, uma música um tanto triste ao meu ver. Deveria se chamar o diário, pois fala muito de uma menina e seu diário.

Para finalizar, a melhor do disco. Sim, a melhor música ficou par ao final. O Peru, interpretada pela Elba Ramalho em seu melhor estilo de glamour brega. Essa música foi colocada, originalmente, no disco A Arca de Noé.

“Glu glu glu, abram alas pro peru.

O peru foi a passeio

Pensando que era pavão

Tico-tico riu-se tanto

Que morreu de congestão “

A letra poderia muito entrar no debate de gênero nas escolas, mas isso é um outro assunto.

O disco vale pela riqueza da música brasileira presente. Desde a  sua MPB mais melancólica com Chico Buarque, até sua raiz nordestina com Elba Ramalho. Um disco que vale não só para crianças, mas para quem tem mais idade pode se deliciar com estas belas canções.

focaPara este disco, indico a cerveja RUEDRICH’S RED SEAL ALE. A cerveja da Foca, pois a foca fica feliz não só com a bola no nariz, mas com uma cerveja no copo também (ouçam o disco).  Cerveja avermelhada, com forte sabor de caramelo, que segue a linha com uma forte entrada toffee  que evolui para um final amargo e bastante seco. Belo contraponto. Aftertaste suavemente adocicado com algumas notas de lúpulo picante.Corpo leve, carbonatação média e drinkability apenas razoável.

Um brinde as crianças e aos crianços.

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Pedro Cindio - Jornalista narigudo, músico frustrado e apaixonado por música, tenho um toc de só escutar discos completos. Cervejetariano e feio, mas meu humor salva a aparência.

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