Ney Matogrosso e Pedro Luis e a Parede – Vagabundo

Ney Matogrosso e Pedro Luis e a Parede – Vagabundo

A junção de um dos melhores intérpretes do Brasil com um arranjador universal, claro que sairia algo bom, mas esse disco foi realmente extraordinário para a MPB atual. Arranjos riquíssimos, regravações que fazem ter dúvida se a melhor foi a original mesmo… Esse disco simplesmente merece por ter feito uma MPB, algo que os artistas não conseguem hoje em dia.

O disco abre com “A Ordem é Samba” de Jackson do Pandeiro e Severino Ramos. Versão pesada de um samba com guitarra marcante. O disco abre com uma música perfeita para iniciar um show. Poucos conseguem isso.

“Seres Tupy”, composição de Pedro Luis, com um gingado puxado para algo da capoeira, tem um refrão que mesmo dizendo o óbvio, tem uma poesia maravilhosa. “De Porto Alegre ao Acre, a pobreza só muda o sotaque”. Alguém consegue discordar?

“Transpiração” e “Interesse” mostram a riqueza de ritmos que Pedro Luis consegue compor, com arranjos lindos, sendo que a primeira é uma regravação do Itamar Assunção – que estará na lista dos 100 em breve 😉 -.

“Assim Assado” fica fiel a original. Nada mais justo de ser feito. Mas é em “Noite Severina” que provavelmente a dupla surpreende. Além da divisão de vozes ter um encaixe perfeito, o violão mais aveludado dá a calmaria necessária que o disco pede na hora. Ela, sem medo de errar, é a melhor do disco.

A faixa título é um samba dos mais agradáveis de escutar. E com uma letra que faz enrolar a língua que só mesmo Ney Matogrosso para conseguir cantar com clareza. Da mesma forma acontece em “Napoleão” ‘com seus cem soldados’.

O disco ainda tem a regravação de Martinho da Vila na “Disritmia” onde Ney e Pedro fazem um dueto sensacional. “Me deixe hipnotizado pra acabar de vez com essa disritmia”… Em “Tempo Afora” eles mostram o peso que podem colocar dentro da MPB, assim como na “Jesus”. Peso e melodia misturados para voltar-se à música brasileira.

“Finalmente” de Itamar Assunção e “O Mundo” de André Abujamra fecham o disco de forma melancólica. A música de Abujamra é de uma poesia sensacional, e ficou infinitamente melhor que a original, gravado pela banda de Abujamra, Karnak, no disco de estreia com o mesmo nome da banda.

O disco ficou tão bom que acabou gerando um ao vivo com alguns bônus, como outros sons do Secos & Molhados, Milton Nascimento e os mais batucantes do PLAP.

“Vagabundo” é ótimo, acima da média do que hoje as pessoas fazem na MPB que anda engessada, com artistas limitados que se voltam apenas para a poesia da música, esquecendo muitas vezes da parte musical. Historicamente, Ney Matogrosso é um artista que se reinventa. Nada de limitações, desde o rock até o mais puro samba. Obviamente ele estará ainda mais vezes nessa lista.

tupiniquim

Para acompanhar esse disco, vou indicar uma cerveja que combina com a fineza e atualidade dele. Tupiniquim, para esses seres tupis degustadores de boa cerveja.

A Tupiniquim Weiss é uma Cerveja de Trigo com um aroma agradável de frutas, um sabor equilibrado entre o dulçor leve do malte e notas suaves de banana e cravo. De preferência, a de litro. Mais cerveja é sempre melhor.

Share Button

Pedro Cindio - Jornalista narigudo, músico frustrado e apaixonado por música, tenho um toc de só escutar discos completos. Cervejetariano e feio, mas meu humor salva a aparência.

Recommended Posts