14 Bis – 14 Bis (1979)
by Pedro Cindio
Minas Gerais nos anos 70 teve uma enxurrada de músicos gravando discos e mais discos. Muitos eram amigos de infância que não tiveram a oportunidade, muitos eram da mesma família – como Os Borges e Flávio e Cláudio Venturini – que foram gravar após ter uma carreira já concreta de muito sucesso.
O “14 Bis” vem formada pelos irmãos Flávio e Cláudio Venturini. Flávio vinha da fantástica O Terço e Cláudio fazia apoio com Lô Borges. Vieram com eles Sergio Magrão (O Terço) e Rely Rodrigues e Vermelho, da Bendegó. Milton Nascimento fez a produção do disco com apoio a Odeon ( que virou EMI Odeon) que gravava a galera toda de Minas (apostava no progressivo nacional).
Com um time que sempre tocou junto, não seria difícil sair um disco ótimo. Ótimos compositores, músicos excelentes. E esse disco de estreia da banda é de arrebentar.
Começa com “Perdidos Em Abbey Road”, que foi a música de trabalho. Bem estilo Rock mineiro, contratempos de vozes e solos. Os coros dão destaque e como será o disco. M seguida vem “Canção da América”, música até então inédita no Brasil, de Milton e Fernando Brant. Ela foi feita e gravada originalmente sob o nome de “Unencounter” no disco Journey To Dawn de Milton Nascimento. Após isso, Fernando Brant fez uma versão em português e sugeriu ao 14 Bis que gravassem. Justamente a música que fez mais sucesso do disco – mas eu, particularmente a acho chata, mas minha opinião aqui pouco importa –
“Ponta de Esperança” tem uma influencia muito forte do que “O Terço” fazia, com baixo mais destacado, sons mais quebrados, um lado mais técnico da banda. O cravo nesse som dá uma fritada boa, vale ouvir em um equipamento de qualidade para entrar no clima, o final fica confuso, bem maluco, como se o som embolasse todo.
“Pedra Menina“ começa com o cravo em destaque – ótima passagem por sinal, mantendo o clima –. Ela lembra uns sons meio faroestes, porém com uma letra que não lembra nada faroeste. Proposital para a música seguinte, “Cinema Faroeste”, que começa com o cravo e um contratempo ao fundo para a banda entrar com mais força.
“Natural” foi uma das mais famosas do disco. Um rock bem tranquilo, com uma frase no começo que pode resumir o sentimento de muita gente. “Um desejo de ver a cor da estrada e desaparecer”. Quem nunca?
“O Vento, A Chuva O Teu Olhar” tem um solo fantástico no fim dela, colocando – finalmente- mais peso no disco. Depois vem “Blue”, instrumental de Flávio Venturini, com os teclados bem em destaque, casando muito bem com o baixo. “Meio Dia” é o típico rock motel, quando escutar, entenderá J
“Três Ranchos” vale pela composição de vozes no disco, que fecha com a linda “Sonho de Valsa”, uma pegada instrumental muito voltada ao Yes essa ai.
Não é o disco referência destes músicos. Outros discos d’O Terço e Lô Borges, além claro do fantástico Clube da Esquina, encontrará referência melhores destes artistas, mas a estreia do 14 Bis chegou para fazer a mudança da linha do rock de Minas, indo pra um lado mais romântico. É um disco tecnicamente excelente. Tem um bom equilíbrio dos instrumentos, tempos e contratempos ótimos e uma pitada de brasilidade.
Para acompanhar esse disco, nada mais justo que a 14 Bier. Uma cerveja de fruta, sabor Jabuticaba, bem adocicada e leve. Com apenas 4,8% de teor, não sente em nada o álcool no copo. Tem um ótimo equilíbrio entre o doce e o amargor da cerveja e combina muito bem acompanhando (especialmente no frio), frutas com calda quente de chocolate. Ouvindo um 14 Bis, com essa cerveja e calda de chocolate, apenas uma companhia para ficar perfeito…
Na foto da cerveja, temos também o Bürt. Um sapo boi cervejeiro.
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