Golpe de Estado – Golpe de Estado 1986

Golpe de Estado – Golpe de Estado 1986

Um tanto propício este disco para a nossa situação atual do Brasil. Sim, recebemos em pleno 2016, 30 anos após o primeiro disco, um Golpe de Estado. Uma situação que me levou a pensar bem para este texto de minha coluna. Não queria misturar as coisas, de política e música/cerveja (mesmo porque o site não tem nada a ver com isso, é apenas opinião minha e não queria ter problemas futuros). Mas como o espaço aqui é democrático, decifro o disco que calha muito bem com os dias de hoje.

A banda, nascida em São Paulo no ano de 1985, veio com nomes de peso para o rock nacional. Nélson Brito (baixo) e Paulo Zinner (bateria) saíram do finado Fickle-Pickle, juntamente com o vocalista Cataleu e o guitarrista Helcio Aguirra, que na época tocava com o Harppia. Lançaram, um ano depois, pelo selo Baratos e Afins o disco homônimo que estourou na cena hard rock tupiniquim, a banda lançou o vinil de maneira inusitada. Um dos lados em rotação 33 rpm e o outro em 45 rpm. Imaginem a confusão na hora de escutar ou passar nas rádios(sim, antigamente tinha rock nas rádios).

O Rock nacional hoje carece de bandas ousadas como foi o Golpe de Estado em 86. Faziam shows quebrando tudo, botavam o som no talo e dane-se a qualidade, o rock era o que estava na veia. Paulo Zinner, mestre da bateria nacional, sempre nos brindou com clássicos. E neste disco não poderia ser diferente. Vamos lá?

O disco abre com um riff sensacional, daqueles rockão clássico. Letra em português com uma grande crítica à nossa sociedade, Society. Baixo come muito bem nas passagens, mas como todo rockão, é o riff da guitarra quem se destaca mesmo. O disco segue com Pra Conferir, outro som que a guitarra vem no início dando o tom. Batera direta, estilo Rolling Stones. A voz maliciosa que até remete a músicas de outros artistas “Me disseram que tudo foi feito pelo sol…me disseram que nasci há dez mil anos atrás”. Genial… Mas o refrão é o melhor de tudo, “porque tudo foi feito pra mudar, mas tudo não mudou nada”. Aumenta o som e balance a cabeça, é rock!!!

Em Underground, a música da uma leve cadenciada, com riff marcante (como sempre) da guitarra e com paradas ótimas. Bem hardão oitenta. Letra, como todo o disco, bem crítica à sociedade então. Mas é em Libertação Feminina que a banda sobe o tom das críticas, de maneira bem irônica.

Em “Sem Ser Vulgar” é o tipo de música que funciona muito bem ao vivo. Bela intro e um ritmo bem pula pula. Olhos de Guerra causava bastante confusão por ser de uma rotação diferente e ela ser mais lenta que as demais. “Seus olhos pequenos da cor da terra me fazem lembrar da guerra. Criança…sem esperança”. Pesado.

O disco fecha com a magnífica Aqui na Terra, um hard rock que lembra DEMAIS os melhores tempos de Van Haley. “É a última guerra e adeus planeta Terra”. Vai no peso que o embalo é bom… E a música ainda termina com um riff bem bacana de guitarra, emendando o fim do solo. Que banda maravilhosa.

jean-le-blancPara este disco, indico a cerveja Jean le Blanc, da região de Curitiba. Cerveja estilo WitBier, leve, um tanto adocicada. Aromas de trigo, fermento e condimentado. Sua cor é um amarelo pálido e turvo, com espuma perolada de boa formação e duração. Teor alcoólico de 4,9%. Combina com comidas leves e frituras não tão pesadas (como pasteis).

O golpe não merece um brinde…

 

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Pedro Cindio - Jornalista narigudo, músico frustrado e apaixonado por música, tenho um toc de só escutar discos completos. Cervejetariano e feio, mas meu humor salva a aparência.

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