Coisas – Moacir Santos – 1965
by Pedro Cindio
A coluna hoje é especial. Não pelo disco, nem pela cerveja (que sim,ambos sempre são especiais), mas não serei eu, Pedro Cindio, a apresentar um disco. Quem fará isso é o querido João Daniel, redator deste mesmo jardim… Vamos lá? A sim, e a cerveja, ao final do texto, ainda é por minha conta.
Coisas – Moacir Santos
A benção, maestro Moacir Santos
Não és um só, és tantos como
O meu Brasil de todos os santos
Começar pedindo a benção ao maestro Moacir assim como fez Vínicius de Moraes, em Samba da benção.
Lançado em 1965 pelo selo Forma, o disco Coisas reune dez composições instrumentais autorais (sendo duas em parceria com Mário Telles, uma em parceria com Clóvis Mello e outra com Regina Werneck), as “coisas” foram numeradas de 1 a 10 e apresentam-se fora da ordem númerica no disco.
Pré-afrobeat (aquele de Fela Kuti, que, coincidentemente, também era saxofonista) e pré Krishnanda (Pedro sorongo); o álbum vem tirar o “batuque da cozinha” (assim como dizia Donga, Pixinguinha ,João da Baiana e Clementina) e coloca-lo nas salas de concerto, além de trazer elementos da Bossa Nova, Jazz e do Samba.
“Batuque na cozinha
Sinhá não quer,
Por causa do batuque
Eu queimei meu pé”
(Batuque na cozinha – João da Baiana)
Para os ouvidos mais atentos é possível perceber até um pouco de Funk Carioca (sim, isso mesmo que você leu!) nas entrelinhas de Coisas n° 5 (ou Nanâ).
O álbum apresenta também um pouco de Jam Session (Coisa N° 2), com um solo de bateria de Wilson das Neves e maravilhoso piano de Chaim Lewak;
“Batuque” em Coisas N°4, 5 e 9, feito por Elias Ferreira e Wilson das Neves; e
Bossa nova, especialmente em Coisa n° 10 e Coisa n° 2.
Uma curiosidade sobre o disco é que quando foi lançado em 1965 nem todas as músicas eram inéditas, Coisa N° 5 teria sido gravada um ano antes, por Wilson Simonal, sob o titulo de Nanã e Coisa N° 2 teria sido gravada, também em 64, por Sérgio Mendes & Bossa Rio.
Em 1965, no disco “Hora de Lutar”, de Geraldo Vandré, Coisa n° 6 ganha letra e recebe o titulo de “Dia de Festa”.
Recentemente a obra de Moacir Santos recebeu uma releitura do grupo paulista QuartaBê em “Lição #1, Moacir”, além de já ter sido gravado pela cantora Céu.
Sua obra apesar de ser pouco conhecida no Brasil, é ainda cultuada no exterior e “Coisas” foi eleito o 23° melhor disco do país segundo a revista Rolling Stones.
A continuação do trabalho de Moacir, principalmente do Coisas, pode ser indiretamente observado no que é produzido pela Orkestra Rumpilezz.
(mas isso já é conversa para outro texto :p)
Para saciar a curiosidade de vocês: https://www.youtube.com/watch?v=kXjyilEmD_s
Agora Pedro Cindio voltando a escrever.
Deu pra sentir o clima do disco?
Para este disco, que particularmente conhecia apenas duas músicas, resolvi pegar uma cerveja um tanto única. Não apenas pelo sabor ou estilo, mas para combinar com o disco e com o autor. Bom, para isso, escolhi a cerveja Ekäut, de Pernambuco. Puro malte, cerveja artesanal pouco conhecida, mas com um sabor ótimo. Combina muito bem com massas e carnes brancas, assim como frituras (como batatas ou macaxeira). Cerveja única, assim como este disco.
Valeu João… um brinde
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