Lucas Caram – Alguém Me Ouve (2019)

Lucas Caram - Alguém Me Ouve (2019)

Quase um mantra. Cordas dedilhadas pela alma com aquele toque suave de uma percussão que eleva às águas um coração navegante. E alguém te ouve. Alguém ouve a voz de Lucas Caram chegando aos poucos e com a mesma calma e tranquilidade já características de sua própria personalidade. “Alguém me ouve” é a primeira faixa do primeiro disco solo do cantor, que respira música desde sempre.

O Fim”, que vem logo em seguida, parece uma continuação da primeira faixa, a ponto de você quase não perceber que foi de uma a outra e seguir na leveza que entorna todo o trabalho. O artista vai do rio ao mar em belas melodias acompanhadas de um coro formado por toda a família: Bruna Caram; Maída Novaes, dos Trovadores Urbanos; e as Trigêmeas Caram.

Após o deságue, chega ao grave de um baixo milimetricamente colocado em uma canção tensa que se perde entre os encontros de temporais e digitais de um amor que se foi. É quando a “Tarde Cai”, abrindo espaço para a aceitação de “Quando eu Sair Daqui”. A influência dos estúdios da Gargolândia e todos os grandes nomes que passaram pelas mãos da família Altério fica bem clara nos cuidados da captação do álbum, com produção assinada por Paulo Novaes.

Mas “Todo Dia é Assim”, com sede, sono e fome, mesmo que o sol e Lucas já não sejam mais os mesmos enquanto ele canta com cuidado e respeito ao gênero os poemas de Paloma Mecozzi, envolto num belo solo de baixo. Ah, Dindi. “Se você Soubesse” e pudesse entrar nas belas cordas da canção assinada por Lorena Martins, colocaria esta faixa na sua playlist pessoal, como fez esta que vos fala. E se a graça do estilo tipicamente brasileiro está em rir da própria tristeza, os batuques de “Samba da Solidão” anunciam a saideira do álbum, que finaliza chamando para um “Outro Dia”.

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Carol Tavares é jornalista. Passou pela MTV, pela Bandeirantes e a hiperatividade levou seu caminho a cruzar felizmente com o Jardim Elétrico e criar a produtora Jazz House. Apaixonada por música, pelo amor, por Alberto Caeiro e por seu acampamento no Jalapão.

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