Regravações

Regravações

Eu fico fascinado sempre que descubro que tal música na verdade é daquele tal compositor e acho muito legal quando alguém que curto muito regrava algo de outro artista que também. Está troca de interpretações faz com que clássicos se renovem e voltem aos ouvidos dos mais novos, assim tornando-se de novo influência para os dias de hoje.

Por isso hoje separei cinco regravações que acredito serem tão boas quanto as originais. Cada uma delas foi regravada por ser um clássico, então não deixe de ouvir as originais.

Zé do Caroço – Mariana Aydar

A música é composição de Lecy Brandão e apesar de ter sido regravada também pelo grupo Revelação e pelo Seu Jorge, escolhi a versão da Mariana Aydar para esta playlist.

A música de Lecy conta a história de um personagem real.

José Mendes de Sousa era um policial aposentado que na década de setenta instalou um alto-falante no topo de sua casa no Morro do Pau da Bandeira (Rio de Janeiro) e através dele, transmitia notícias alternativas às dadas pela televisão, pois estas eram manipuladas pela censura do regime militar.

Após ouvir a história, a compositora fez a letra em homenagem ao Zé do Caroço.

Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores – Charlie Brow Jr.

A música foi escrita e interpretada por Geraldo Vandré no 3º Festival Internacional Da Canção em 1968.

Ela ganhou o segundo lugar no festival, mas acabou virando um hino para o movimento civil e estudantil contra a ditadura militar brasileira.

Após a ditadura, os organizadores do festival revelaram que seguiram ordens do exército para que a música não ganhasse o prêmio de melhor composição e durante anos sua execução foi proibida no país.

Esta versão do Charlie Brow Jr. deixa ela ainda mais pesada.

O Negócio É Amar – Aline Muniz

A composição é de Carlos Lyra.

A música ficou muito conhecida na voz de Nara Leão nos anos da Bossa Nova no Brasil. Depois foi interpretada por Jorge Aragão em 2004.

Escolhi a versão de Anine Muniz de 2008, por conta do piano e da uma roupagem mais Blues para a Bossa, o que achei de muito bom gosto.

Bebete Vambora – Lenine e Zélia Duncan

A música foi escrita e gravada pelo rei do Samba Rock, Jorge Ben Jor em 1969.

Jorge Ben foi um dos caras que revolucionaram o jeito de se tocar samba e música popular no Brasil. Com um gingado influenciado por Soul, Hip Hop, Rock, Funk e Samba e letras irreverentes, é até hoje um dos músicos mais regravados do país.

Indico a regravação feita por Lenine e Zelia Duncan feita para o DVD “Cidade do Samba”, show de inauguração do selo de Zeca Pagodinho, o Zecapagodiscos em 2007.

Maneiras – O Rappa e Zeca Pagodinho

Lá em 2007, comprei minha cópia do “O Silêncio Que Precede O Esporro” da banda O Rappa e como todo menino novo do rock, levei meu discman (poxa, como eu estou velho…) para já sair ouvindo da loja.

Eis que lá pelo final do CD, começa a tocar uma levada legal e o Falcão apresenta a parceria com Zega Pagodinho na faixa “Maneiras”.

Cara, esta é uma das melhores músicas que eu já ouvi na vida.

Não tem uma fusão de ritmos, mas sim são dois ritmos completamente diferentes conversando, o samba do Zeca e o Rock Ska do Rappa.

Só ouça antes de dizer qualquer coisa.

Bonus Track:

Esperanza Spalding – Ponta de Areia.

Quem compôs esta música foi Milton Nacimento em 1974.

Esta versão está entre as minhas músicas prediletas e é interpretada por uma das minhas musicistas de cabeceira, Esperanza Spalding.

Tudo que esta mulher toca fica impressionantemente com a cara dela. A música respira ela. Fora a pronuncia da nossa língua, pois é muito difícil para os estadunidense reproduzirem alguns sons do português brasileiro.

Digna regravação do grande mestre Milto.

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Músico, Jornalista e Escritor. Fiz parte das bandas Kascoskaus, Insulina e Overtreze, sendo que com a última tenho um caso de amor eterno. Sou na verdade um grande curioso que ama tropeçar em artistas que têm bom gosto.